Profº William Malagutti
Coordenador do curso de especialização em Saúde Pública e ESF para Enfermeiros
“Solo” refere-se ao material particulado composto em parte por rocha exposta a erosão e outros minerais, e ainda por matéria orgânica praticamente degradada, que cobre aqui a grande parte da superfície terrestre da Terra “1.
Segundo a Comissão de Comunidades Européias (1996), o solo representa uma grande variedade de funções vitais, de caráter ambiental, ecológico, social e econômico. Constitui um importante elemento paisagístico, patrimonial, ecológico e físico para o desenvolvimento de infraestruturas e atividades humanas, uma vez que é um recurso complexo e dinâmico, interativo e não renovável, cada vez mais sob pressão da atividade humana. A proteção do solo e a limitação dos processos de degradação deste recurso, são reconhecimentos imprescindíveis para a sua sustentabilidade, sendo essa necessidade reconhecida internacionalmente 2.
A problemática ambiental gerada pelo lixo é de difícil solução e a maior parte das cidades brasileiras apresenta um serviço de coleta que não prevê a segregação dos resíduos na fonte 3. Nessas cidades é comum observarmos hábitos de disposição final inadequados de lixo. Materiais sem utilidade se amontoam indiscriminada e desordenadamente, muitas vezes em locais indevidos como lotes baldios, margens de estradas, fundos de vale e margens de lagos rios.
Segundo Adas (2002), o crescimento demográfico, combinado com o desenvolvimento industrial, as mudanças dos hábitos de consumo e a melhoria da qualidade de vida causaram um aumento na quantidade de resíduos, assim como alteraram suas características. Esse autor corrobora dizendo que, nos dias atuais, infelizmente, o cidadão é, antes de tudo, um consumidor. E quanto maior a renda, mais consumidor será o cidadão, e mais lixo vai gerar. E isso representa um grande problema ambiental, pois a maioria das pessoas, preocupadas tão somente com o seu conforto, consomem cada vez mais sem qualquer preocupação com o destino final do lixo 4.
A problemática ambiental gerada pelo lixo é de difícil solução e a maior parte das cidades brasileiras apresenta um serviço de coleta que não prevê a segregação dos resíduos na fonte 5. IBGE (2000). Nessas cidades é comum observarmos hábitos de disposição final inadequados de lixo. Materiais sem utilidade se amontoam indiscriminada e desordenadamente, muitas vezes em locais indevidos como lotes baldios, margens de estradas, fundos de vale e margens de lagos e rios.
As áreas metropolitanas por si só já geram grande impacto socioambiental, e com o crescente aumento da população problemas como uso e ocupação do solo, geração de resíduos e efluentes líquidos, gasosos e sólidos se propagam e restringem ainda mais a saúde da população urbana. É importante ressaltar a grande perca de cultura que ocorre devido ao processo de migração, onde o referido contexto é mais nítido em áreas urbanas, meio no qual ocorre um processo de desintegração social, ocasionando crimes, divórcios, suicídios, adultérios e delinquências juvenis 5.
Uma área contaminada pode ser definida como uma área, local ou terreno onde há comprovadamente poluição ou contaminação causada pela introdução de quaisquer substâncias ou resíduos que nela tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados de forma planejada, ou até mesmo acidental. Nesta área, os poluentes ou contaminantes podem concentrar-se na subsuperfície, em diferentes compartimentos do ambiente, em zonas 6.
Em maio de 2002, a CETESB divulgou pela primeira vez a lista de áreas contaminadas, registrando a existência de 255 áreas contaminadas apenas no estado de São Paulo. Este registro vem sendo constantemente atualizado e, em dezembro de 2010, chegou a 3.675 áreas contaminadas, sendo 1.674 comprovadamente contaminas, 1.096 sob investigação, 742 em processo de monitoramento para reabilitação e 163 reabilitadas, sendo a maioria dos cadastros de áreas de postos de combustíve 6.
Os principais contaminantes, em uma visão geral, são os agrotóxicos, derivados do petróleo, resíduos industriais e metais. Destes últimos, os principais são chumbo, mercúrio, cádmio, cromo e arsênio 7.
A contaminação do ambiente, principalmente do solo e da água, por perdas de agrotóxicos para áreas não-alvo tem provocado críticas severas ao uso desses produtos e grandes preocupações quando noticiados os efeitos nocivos que esses desperdícios provocam. Trata-se de compostos que representam um grupo polêmico de substâncias por contribuírem no aumento da produção agrícola, porém, podem contaminar os alimentos e o ambiente 8.
Esses efeitos podem ser crônicos (resultantes de exposição continuada a doses relativamente baixas de um ou mais produtos) quando interferem na expectativa de vida, crescimento, fisiologia, e reprodução dos organismos e/ou podem ser ecológicos quando interferem na disponibilidade de alimentos, de habitat e na biodiversidade, incluindo os efeitos sobre os inimigos naturais das pragas e a resistência induzida aos próprios agrotóxicos 9.
São inúmeros os estudos que associam o uso de agrotóxicos e seus efeitos nocivos na saúde humana 10. Os efeitos agudos aparecem durante ou após o contato da pessoa com o agrotóxico, podendo ser divididos em efeitos muscarínicos (brandicardia, miose, espasmos intestinais e brônquicos, estimulação das glândulas salivares e lacrimais); nicotínicos (fibrilações musculares e convulsões); e centrais (sonolência, letargia, fadiga, cefaléia, perda de concentração, confusão mental e problemas cardiovasculares) 11.
Referências:
1- BOTKIN E KELLER (2005) Enviromental Science : Earth as a Living Planet , 5th Ed. United States Of America. John Wiley & Sons, Inc.
2- RODRIGUES E DUARTE (2003). Poluição do solo: revisão generalista dos principais problemas. In; Castro, A, Duarte, A., Santos , T. (Ed). O Ambiente e a saúde. Lisboa. Instituto Piaget, pp136-176
3- IBGE- INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA- Pesquisa nacional de saneamento básico - 2000. Disponível em:
4- ADAS, M. Geografia: os impasses da globalização e o mundo desenvolvido. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2002.
5- LESSA, B. O sentido e o valor do tradicionalismo. Santa Maria, julho 1954. Disponível em:http://www.dtglencocolorado.com.br/Biblioteca%20Virtual/o_sentido_e_o_valor_da_tradicao.pdf > Acesso em: 21 de jun.2011.