Como parar de procrastinar: uma visão junguiana

Como parar de procrastinar: uma visão junguiana

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Quem nunca procrastinou que atire a primeira pedra, não é mesmo? O hábito de deixar para depois o que poderia ser feito agora é extremamente comum, tanto que se trata de uma característica popularmente conhecida como o famoso “jeitinho brasileiro”.
 
Mas a grande reflexão que devemos fazer é: o ato de procrastinar faz parte da personalidade do indivíduo ou é simplesmente uma questão de escolha?
 
O que é procrastinação?
 
A procrastinação, ou o ato de procrastinar, consiste em adiar a realização de tarefas até o último minuto, deixando para depois o que poderia ser realizado naquele momento, ou até mesmo buscar distrações durante a execução delas, interrompendo o processo diversas vezes.
 
Como resultado, a pessoa que está procrastinando pode sofrer com:
  • estresse;
  • sensação de culpa;
  • perda de produtividade;
  • vergonha em relação aos outros, por não cumprir suas responsabilidades e seus compromissos.
Por que procrastinamos?
 
Muitas vezes, a procrastinação é entendida como uma forma de “autorregulação do fracasso”, embora apresente consequências potencialmente negativas, que todas as pessoas realizam de vez em quando, especialmente em tarefas maçantes ou indesejadas.
 
O ato de procrastinar acontece porque o indivíduo tenta buscar algum nível de prazer, alívio ou recompensa instantânea durante a execução de algo que não deseja fazer. Tal comportamento, quando ocasional, é perfeitamente normal.
 
O problema torna-se maior quando as tarefas são prejudicadas por esse ato ou esse comportamento se torna cada vez mais recorrente para qualquer tarefa, interferindo de maneira substancial na qualidade de vida do indivíduo, nos aspectos pessoais e profissionais.
 
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Como Carl Jung vê a procrastinação?
 
Para Carl Jung, fundador da Psicologia Analítica, a procrastinação é uma forma de decisão de como levar a vida, e não um transtorno psicopatológico. Na perspectiva junguiana, com base na estrutura de personalidade e no tempo da pessoa, a procrastinação afetará todas as situações da vida dela.
 
Ou seja: para Jung, quem procrastina no trabalho também procrastina nos relacionamentos, nos estudos, na vida financeira e na vida afetiva. Contudo, o fundador da Psicologia Analítica também pontuava que esse não seria um comportamento imutável.
 
O ser humano está sujeito a um processo de constante transformação, passando por mudanças tanto emocionais quanto comportamentais. Dessa forma, a procrastinação torna-se um hábito que pode ser escolhido, com as opções de ser mantido ou ser eliminado.
 
Portanto, a visão junguiana sobre o ato de procrastinar envolve a responsabilidade do indivíduo sobre si mesmo junto com a própria consciência para tomar a melhor decisão para si. A pessoa pode escolher continuar sendo procrastinadora ou pode escolher mudar.
 
É preciso estar consciente de que, independentemente de qual for a escolha, a pessoa deverá entender as consequências que serão colhidas das energias que está canalizando.
 
O poder da canalização de energias para Jung
 
Mesmo se a pessoa conscientemente toma a decisão de não procrastinar mais, é preciso entender que, em determinados momentos, esse hábito pode surgir em níveis menos recorrentes ou preocupantes do que antes.
 
Caso o procrastinador se depare com esses resquícios, não é motivo para pânico, até porque tudo na vida é uma questão de equilíbrio, e com a procrastinação não é diferente.
 
A Canalização de Energias definida por Carl Jung consiste em avaliar a carga de valor que o indivíduo direciona à situação que acontecer nas áreas de sua vida com dois pesos e duas medidas.
 
Afinal, adiar lavar a louça por alguns minutos após o jantar não é tão grave quanto iniciar a elaboração de uma apresentação de trabalho no dia de uma reunião importante, por exemplo.
 
Se a pessoa canalizar mal suas energias, sendo inapta a categorizar a importância de cada atividade, irá gerar um grande desequilíbrio nas esferas de sua vida. Portanto, é essencial definir prioridades e identificar pontos como:
  • Quanto tempo determinada atividade leva?
  • Qual será a recompensa dessa tarefa?
  • Se a tarefa não for cumprida, qual será a consequência?
  • O que impede a tarefa de ser iniciada o quanto antes?
Como parar de procrastinar?
 
Confira 10 orientações que um profissional da Psicologia pode oferecer para ajudar os pacientes – ou ele mesmo – a lidar com a procrastinação:
 
1 - Divisão em tarefas menores
 
Incentive a divisão das tarefas em partes menores e mais gerenciáveis. Isso torna as metas mais alcançáveis e reduz a sensação de sobrecarga.
 
2 - Metas claras traçadas
 
Ajude o paciente a definir metas claras e específicas. Metas bem definidas proporcionam direção e facilitam o planejamento.
 
3 - Criação de um cronograma
 
Auxilie na criação de um cronograma realista. Estabelecer prazos específicos para cada parte da tarefa pode ajudar a manter o foco e a responsabilidade.
 
4 - Identificação de obstáculos
 
Explore possíveis obstáculos ou resistências emocionais subjacentes à procrastinação. Compreender as razões por trás do comportamento é fundamental para superá-lo.
 
5 - Celebração de pequenas conquistas
 
Incentive a celebração de pequenas conquistas ao longo do caminho. Isso reforça a sensação de progresso e motivação.
 
6 - Visualização positiva
 
Utilize técnicas de visualização positiva. Peça ao paciente para imaginar o sucesso ao completar a tarefa, estimulando emoções positivas e motivadoras.
 
7 - Eliminação de distrações
 
Ajude o paciente a identificar e minimizar distrações. Criar um ambiente propício ao trabalho pode aumentar a produtividade.
 
8 - Adoção de estratégias de relaxamento
 
Introduza técnicas de relaxamento para lidar com a ansiedade associada às tarefas. A redução do estresse pode facilitar o início das atividades.
 
9 - Reflexão sobre valores e prioridades
 
Incentive a reflexão sobre os valores e as prioridades pessoais. Alinhar as tarefas com objetivos significativos pode aumentar a motivação intrínseca.
 
10 - Apoio social
 
Explique a importância do apoio social. Compartilhar metas com amigos, familiares ou colegas pode proporcionar responsabilidade mútua e incentivo.
 
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O ato de procrastinar é extremamente comum, mas pode ser muito difícil de ser superado. Para entender a necessidade de mudança, o indivíduo precisa tomar consciência do quanto esse hábito o prejudica, o que é possível por meio do autoconhecimento. E, na busca pelo autoconhecimento, a Psicologia é uma forte aliada!
 
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