Economizar significa “não desperdiçar”. A forma intensa com que reagimos aos desperdícios nos momentos de crise, em razão da ameaça à sobrevivência, é a evidência de uma atitude condescendente em relação a esses mesmos desperdícios no cotidiano, quando as crises não estão tão aparentes.
A falsa crença de que os recursos são ilimitados ou de que uma crise sistemática jamais vai nos atingir fez com que, por décadas, as necessárias mudanças de atitude e o planejamento de mudanças estruturais ficassem em segundo plano, recebendo mais atenção somente nos momentos de crise. As crises, no entanto, mesmo quando não estão expostas, ficam latentes, pois são geradas, entre outros fatores, pelo acúmulo irresponsável de desperdícios e pela falta de atitude em eliminá-los.
Esse fenômeno também ocorre nas empresas, locais em que há desperdícios de todo tipo de recurso, não só ambiental, mas também de materiais, de espaço, de capacidade produtiva, de tempo, de energia, de oportunidades de mercado, do potencial das pessoas etc.
Fato agravante é que, em muitos casos, no desespero para “cortar custos”, muitas empresas destroem parte significativa da sua capacidade de gerar valor futuro e, com isso, só pioram sua situação – reduzir custos não pode afetar a capacidade da empresa em gerar receita futura ou comprometer a qualidade dos seus produtos e serviços.
Para reduzir custos de maneira inteligente, promover a eliminação dos desperdícios de forma sistemática e sustentável, e, assim, garantir a sobrevivência e a competitividade da empresa, foi criado, na década de 1940, o Sistema Toyota de Produção (TPS). O TPS foi desenvolvido quando o Japão ainda sofria as consequências do pós-guerra, e despertou a atenção do mundo devido ao crescimento lucrativo da Toyota, ano após ano, mesmo em períodos nos quais o mundo enfrentava as habituais crises financeiras.
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O TPS ficou mundialmente conhecido como o modelo para a “Produção Enxuta”, expressão traduzida de “Lean Production”, criada por John Krafcik, pesquisador do Massachusetts Institute of Technology (MIT), para definir um sistema mais eficiente, flexível, ágil e inovador, ou seja, um sistema habilitado a enfrentar um mercado cada vez mais exigente e em constante mudança.
O Sistema Toyota de Produção (TPS) busca a eliminação implacável dos desperdícios, que, via de regra, são muito maiores do que é imaginado pelos gestores, e, para alcançar esse objetivo, envolve mudanças profundas na gestão e na “modelagem” das operações. O TPS coloca o cliente em primeiro plano e busca atendê-lo de maneira perfeita e com o menor custo do setor no qual a empresa atua.
Das origens dessa filosofia de gestão aos dias atuais, novos conceitos e técnicas consagradas foram agregados, e “novas descobertas” foram feitas. Estamos continuamente estudando, “decifrando” e aprendendo com o TPS, proporcionando, assim, maior alcance e eficiência ao sistema, e consagrando o “Lean Manufacturing” como o modelo ideal para alcançarmos a excelência operacional.
Desde a sua revelação por meio da publicação do livro “A máquina que mudou o mundo”*, até hoje, esse “sistema de gestão e de operação” passou a ser adotado por empresas que atuam nos mais variados setores, em diversas partes do mundo. Os resultados provenientes da adoção e da implementação eficaz desse sistema evidenciaram sua superioridade e sua aplicabilidade. Além disso, mostraram a urgência de sua adoção, dados os benefícios gerados a todos os stakeholders.
É interessante destacar, dada a busca pela sobrevivência, que as difíceis condições, no Japão e no mundo, que serviram como força motriz para a criação de um novo “modelo de gestão e de operação”, potencialmente, sempre existirão.
Portanto, para garantirmos a sobrevivência e, depois, buscarmos o desejado crescimento lucrativo da empresa, devemos adotar técnicas e conceitos de gestão e de operação que efetivem a estratégia da empresa, capacitando-a a entregar mais valor aos seus clientes com o menor uso de recursos (ao menor custo possível). Para isso, até então, não há nada comprovadamente mais eficaz do que adotar os princípios, os conceitos e as técnicas que formatam o Lean Manufacturing.
Que tal entender mais sobre o que é o Lean Manufacturing? Leia o artigo " O que são Lean Manufacturing e World Class Manufacturing" e saiba mais.
* “A máquina que mudou o mundo”: baseado no estudo do Massachusetts Institute of Technology sobre o futuro do automóvel. James P. Womack, Daniel T. Jones, Daniel Roos; tradução de Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
Quer conhecer como é o curso de Lean Manufacturing? Confira aqui
Texto produzido por:
Prof. Fabrício R.R. Bello- Coordenador da Pós-Graduação
Prof. Fabrício R.R. Bello- Coordenador da Pós-Graduação