Literatura na sala de aula e nas comunidades

Literatura na sala de aula e nas comunidades

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A relação da criança com a literatura infantil inicia-se antes da sua escolarização. De acordo com sua cultura, com o meio em que está inserida, a criança pode ter familiaridade com o mundo das histórias, da fantasia, de contação de histórias, contos e causos. 
 
Há inúmeras justificativas para alimentarmos o gosto das crianças pela literatura. Precisamos superar o estigma de que não há interesse pela leitura em nosso país. É necessário buscarmos as causas de insucessos e as práticas exitosas.
 
Promover o acesso das crianças aos livros e a textos literários é fundamental para que possam adquirir gosto e elementos necessários para escolhas de qualidade, com materiais significativos e promotores de crescimento. As estratégias de mediação da leitura são fundamentais para a formação de crianças leitoras.
 
Há diferenças regionais importantes em relação ao acesso aos livros, de modo que há comunidades que não possuem bibliotecas nem bancas de jornal. Há escolas que não utilizam de forma eficiente suas bibliotecas ou o fazem de forma meramente didática, tornando obrigatória a leitura de obras sem construir a aproximação do leitor. Há projetos inovadores que procuram levar conhecimento às comunidades mais distantes. Como exemplo, houve o Projeto Jegue Livro, que surgiu em 2005 e acontecia na comunidade de Auzilândia, em Alto Alegre do Pindaré, município localizado a 219 quilômetros de São Luís (MA). No projeto, o jegue (animal muito encontrado na região) carregava, em dois cestos, livros para todas as idades, mas os mais procurados eram os de literatura infantil. Os “leitores” liam seus livros sentados em lonas estendidas no chão, embaixo de árvores.
 

Este texto foi retirado do nosso curso gratuito “A literatura infantil no processo de alfabetização e arte e ludicidade na perspectiva do letramento”, aprofunde seus estudos se cadastrando no mesmo gratuitamente.

 
 
As experiências exitosas instigam o encantamento do leitor infantil, as estratégias de formação e o desenvolvimento pela leitura, de forma mágica, lúdica e simbólica. A leitura de textos literários contribui com a formação da personalidade da criança, com sua compreensão do mundo. “Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma e favorece o desenvolvimento de sua personalidade” (BETTELHEIM, 1996, p. 20).
 
É importante que as crianças tenham acesso a diversos gêneros literários, como contos, fábulas e histórias em quadrinhos. A seleção poderá conter conteúdos que propiciem aprendizagens e estimulem a imaginação. São interessantes as histórias que estabelecem relações simbólicas com a realidade, que promovem a reflexão sobre valores, sobre o comportamento das pessoas (personagens), favorecendo a troca entre o grupo, a expressividade e a construção do próprio conhecimento. As histórias possibilitam que a criança assuma posições, experimente novas situações e aprenda de forma lúdica e metafórica a resolver problemas, a desenvolver o raciocínio e a criticidade.
 
Para a professora Fani Abramovich (2003 apud EBERHARDT; MOURA, 2018, p. 7):
 
É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve — com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar”.
 
Quando a criança ouve ou lê uma história e é capaz de comentar, indagar, duvidar ou discutir sobre ela, realiza uma interação verbal, que nesse caso vem ao encontro das noções de linguagem de Bakhtin (1992). Para ele, o confronto de ideias e pensamentos em relação aos textos tem sempre um caráter coletivo, social. O conhecimento é adquirido na interlocução, e evolui por meio do confronto, da contrariedade. Assim, a linguagem, segundo Bakhtin (1992), é constitutiva, isto é, o sujeito constrói o seu pensamento a partir do pensamento do outro, portanto, uma linguagem dialógica.
 
A literatura infantil tem um papel importante na educação. Contribui para que a alfabetização tenha significado, para que os alunos desenvolvam o prazer em criar, em expressar-se, pois podem criar e recontar histórias, desenvolvendo a autoria de suas produções.
 
A ação pedagógica é determinante, e a relação do professor com a leitura e com os livros é uma referência para os futuros leitores. A forma com que o professor convida e envolve seus alunos na leitura contribui para o interesse dos futuros leitores. Há pesquisas que comprovam que pais escolarizados também interferem no desempenho de seus filhos. O importante é compreender que a ação é determinante, de modo que estar junto, demonstrar prazer ao ler um livro e adotar uma entonação empolgante na leitura de textos contribui com a promoção do interesse e de viagens pela leitura!
 
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