Quando buscam uma academia de natação, alguns adultos apresentam como metas “aprender um determinado nado” ou “nadar ‘x’ metros em uma hora”. De uma maneira geral, esse público mostra-se bastante ansioso pela vivência imediata das técnicas específicas de nado, sem considerar a necessidade das habilidades de base, que darão condições para o domínio da técnica de cada nado.
Em qualquer modalidade, ir direto para as habilidades específicas sem formar uma base forte leva a repetição mecânica dos movimentos, excesso de gasto energético, limitação no desempenho e dificuldades de adaptação a novas situações.
É muito comum encontrarmos adultos que conhecem as técnicas de nado, mas não são capazes de flutuar, têm medo de nadar em piscina funda ou não conseguem melhorar seu rendimento. Em geral, esses problemas decorrem da falta de domínio em um ou mais dos itens básicos do nadar: relaxamento corporal, controle da respiração, flutuação, equilíbrio e propulsões básicas.
Um programa de natação focado no desempenho dos quatro estilos pode parecer inicialmente mais atraente para o aluno iniciante, uma vez que a meta de resultado (o que fazer) chama mais atenção do que a meta de processo (como fazer). Porém, a aprendizagem envolve vários fatores, dentre eles: vivências anteriores e nível de consciência corporal do aprendiz, condições do ambiente, processo pedagógico adotado pelo professor. Considerando seu aspecto neurofisiológico a aprendizagem é um processo lento que ocorre em função da formação e fortalecimento de conexões neurais responsáveis pela percepção, memorização e controle do movimento.
Partindo do princípio de que “nadar consiste em qualquer forma de deslocamento independente em meio aquático”, isso é, sem o contato com o fundo ou com as bordas da piscina e que a adaptação é fundamental para o domínio das técnicas específicas de nado (Barbosa, 2001; Catteau e Garoff, 1988;LAMBECK e STANAT, 2000; LANGERDORFER e BRUYA, 1995), os objetivos ideais da etapa inicial de um programa de ensino da natação para adultos são:
- Descoberta das possibilidades de movimento do corpo na água;
- Conhecimento e superação dos próprios limites de movimento;
-Aprendizagem das habilidades aquáticas básicas: relaxamento; controle da respiração; flutuação; controle corporal; deslizes, deslocamentos variados, saltos e rolamentos; propulsão de membros inferiores e de membros superiores.
A progressão das atividades mais simples para as mais complexas respeita a necessidade de adaptação dos sistemas responsáveis pelo controle dos movimentos (sistema nervoso central e periférico, proprioceptores e aparelho locomotor), permite que o indivíduo tenha maior domínio corporal e conduz à autonomia em meio aquático e desempenho de habilidades específicas (os quatro nados) com maior qualidade.