Quais as etapas da avaliação psicopedagógica

Quais as etapas da avaliação psicopedagógica

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Os desafios da educação no Brasil continuam evidentes e preocupantes, ainda mais após a pandemia de Covid-19. Um estudo da Universidade de Stanford revelou que o Brasil está ficando para trás na recomposição da aprendizagem perdida durante o período pandêmico.

O Brasil foi um dos países que passaram mais tempo com escolas fechadas em razão da pandemia. Dados do relatório divulgado por agências da ONU (Organização das Nações Unidas), divulgados em 2023, chocam: 5,5 milhões de crianças e adolescentes tiveram o direito à educação negado em 2020 no Brasil por causa da crise sanitária.

Nesses casos, a Psicopedagogia pode entrar como ferramenta de auxílio para a recomposição da aprendizagem e ajudar inúmeras crianças e adolescentes.

O papel da Psicopedagogia

A Psicopedagogia une tanto a Pedagogia quanto a Psicologia para identificar processos mentais que envolvem a aprendizagem e tem como principais objetivos:

  • estudar o processo de aprendizagem do indivíduo e seu processo de maturação e crescimento;
  • conhecer os padrões evolutivos normais e patológicos do processo de aprendizagem;
  • entender como o indivíduo sofre influências da família, da sociedade e da escola;
  • trabalhar por meio de processos e estratégias, tendo como centro o indivíduo avaliado.


O papel do psicopedagogo é examinar fatores emocionais, cognitivos e sociais que podem influenciar o processo de aprendizagem. Portanto, a psicopedagogia pode ser vista como uma disciplina holística. O foco não é tratar apenas os sintomas das dificuldades de aprendizagem, mas também suas causas subjacentes.

Quando a ajuda é necessária?

A intervenção psicopedagógica se faz necessária quando há relatos de bloqueios de aprendizagem para que as causas sejam identificadas. Esses bloqueios podem ser manifestados por sintomas, como:

  • baixo rendimento escolar;
  • agressividades;
  • falta de concentração ou distração;
  • agitação ou hiperatividade;
  • desinteresse;
  • dificuldade na pronúncia de palavras;
  • lentidão para formar o vocabulário;
  • caligrafia difícil de entender;
  • falhas de memória;
  • isolamento;
  • inversão de palavras, sílabas, letras.


Identificados os sintomas, o processo de avaliação e de intervenção psicopedagógica deve considerar diferentes visões do aluno-paciente, da família e da escola.

Ter esse panorama é importante. Contudo, é preciso lembrar que a intervenção visa levar a pessoa que está sendo avaliada a construir sua aprendizagem de forma autônoma. Portanto, é fundamental que o psicopedagogo tenha instrumentalizações prévias, como a avaliação psicopedagógica.

Avaliação psicopedagógica

A avaliação psicopedagógica é o processo de investigação de distúrbios, transtornos e patologias referentes à aprendizagem humana. Esse processo tem o objetivo de identificar a fonte das dificuldades apresentadas e o que pode estar influenciando e prejudicando o bom desenvolvimento.

O artigo 1º do Código de Ética da Psicopedagogia define o que deve ser feito durante a avaliação psicopedagógica. De acordo com o texto, o profissional pode usar procedimentos específicos da sua área de atuação. Esses procedimentos podem envolver desde entrevistas com os pais até a realização de testes com o paciente.

O processo visa analisar a criança ou o adolescente em cada um dos seus aspectos. São observados, durante a avaliação psicopedagógica, a forma de se expressar, a entonação da voz, os gestos, entre outros fatores.

Por meio dessa análise, é possível identificar transtornos não perceptíveis que interferem na qualidade da aprendizagem do sujeito. Com isso, o psicopedagogo pode encaminhá-lo para outro profissional como:

  • neurologista;
  • psicólogo;
  • fonoaudiólogo;
  • psiquiatra.


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Quais são as etapas da avaliação psicopedagógica?

Para investigar problemas referentes à aprendizagem do indivíduo, o psicopedagogo pode usar diferentes abordagens. A avaliação psicopedagógica pode durar por diversas sessões, seguindo etapas com fundamentos diferentes para tentar descobrir o que pode estar prejudicando o paciente.

Em um
artigo, a neuropsicopedagoga Juliana Palma defende que a avaliação psicopedagógica pode durar até 10 sessões. Confira as etapas:

Entrevista familiar

O primeiro passo da avaliação deve ser realizado com os pais. É essencial:

  • ouvir a queixa;
  • conhecer a rotina da criança;
  • explicar sobre o processo de avaliação e de intervenção;
  • agendar o número de sessões.


Para que as percepções dos pais não influenciem a avaliação, é interessante que o psicopedagogo não entre em muitos detalhes. O contato mais profundo deve, preferencialmente, acontecer no final, após a avaliação como uma etapa complementar.

Aplicação EOCA

A sigla significa Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem. Trata-se de uma avaliação de nível pedagógico, que pode envolver atividades de aritmética, leitura, escrita, pintura, desenho e interpretação de texto.

A escolha das atividades dependerá da idade da criança ou do adolescente. O psicopedagogo deve ainda olhar o material da criança e se atentar a fatores como a escrita, por exemplo.

Nessa fase, o profissional deve observar o comportamento do indivíduo, identificando se ele:

  • tem autonomia ou espera comandos;
  • é inseguro ou confiante;
  • conversa bem ou não conversa;
  • é tímido ou extrovertido;
  • apresenta ou não sinais de hiperatividade.


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Aplicação das provas operatórias

São provas, também conhecidas como piagetianas, que avaliam a construção de operações mentais de conservação, classificação, seriação e mensuração espacial. Elas permitem que o psicopedagogo avalie características cognitivas da criança. As provas podem durar de uma a duas sessões.

Aplicação das técnicas projetivas

São análises de desenhos que o sujeito faz, guiado pelo psicopedagogo. Essa aplicação tem o objetivo de investigar a rede de vínculos que o sujeito tem. Os três vínculos analisados são o escolar, o familiar e o vínculo consigo mesmo. Também podem durar de uma a duas sessões.

Aplicação das provas pedagógicas

Nesta fase, já há um embasamento maior para o psicopedagogo criar hipóteses. Com base nelas, é possível trabalhar estratégias mais focadas para as próximas etapas de avaliação. Podem durar de uma a duas sessões.

Anamnese com os pais ou responsáveis

Chegou o momento de levantar aspectos profundos do histórico do paciente. Fazer essa etapa no final do processo ao invés do início evita possíveis influências na avaliação. É interessante o psicopedagogo ter o próprio olhar do paciente para depois confirmar ou descartar, de acordo com as informações dadas pelos pais.

Devolutiva com os pais e a criança e estratégias para a próxima etapa

É o momento de fazer um relatório com base nas hipóteses levantadas e conclusões tomadas. O psicopedagogo deve fazer uma combinação do que foi observado e do que foi dito pelos pais na anamnese. Na devolutiva, o profissional fará os encaminhamentos necessários e, se precisar de intervenção psicopedagógica, fará o agendamento de novas sessões.

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