A Contribuição do Sistema Endocanabinoide no Tratamento de Transtornos Afetivos e Dor Crônica

A Contribuição do Sistema Endocanabinoide no Tratamento de Transtornos Afetivos e Dor Crônica

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O sistema endocanabinoide é um complexo sistema de sinalização celular que desempenha um papel crucial em várias funções fisiológicas, incluindo o controle da dor e a regulação das emoções. 
 
“Certas epilepsias não respondem aos medicamentos existentes, submetendo crianças e adultos a uma sucessão de episódios convulsivos que impedem o desenvolvimento e uma vida normais” — escreve a jornalista de ciência e doutora em Biologia Integrativa pela Universidade da Califórnia em Berkeley, Maria Guimarães, ao abrir um extenso artigo publicado na revista de pesquisa Fapesp sobre o medicamento que vem da cannabis.
 
Segundo o artigo, a cannabis está ajudando pessoas que sofrem com dor crônica de várias origens, ansiedade, estresse pós-traumático, autismo, Alzheimer, esquizofrenia, entre outros males para os quais as farmácias tradicionais oferecem ajuda limitada.
 
Nos últimos anos, a pesquisa científica tem explorado o potencial terapêutico dos canabinoides, compostos derivados da planta Cannabis sativa, no tratamento de transtornos afetivos e dor crônica. 
 
Este texto trata da contribuição desse sistema no tratamento dessas condições, destacando os avanços e desafios no uso de canabinoides medicinais. Acompanhe!
 
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O Sistema Endocanabinoide e Seus Componentes

“A Cannabis sativa (maconha ou marijuana) é a droga ilícita mais consumida no mundo desde 1960. Cultivada há mais de cinco mil anos para a obtenção de fibras utilizadas na manufatura de tecidos, a Cannabis era prescrita pelos chineses, desde 2600 A.C., para tratar cãibras, dores reumáticas e menstruais. Porém, só em 1964 o seu princípio ativo D9-tetra-hidrocanabinol (THC) foi isolado e sua estrutura química caracterizada” — observa os autores do artigo sobre a nova perspectiva no controle de fatores de risco cardiometabólico a partir do sistema endocanabinóide.
 
O sistema endocanabinoide consiste em receptores canabinoides (principalmente CB1 e CB2), endocanabinoides (como anandamida e 2-AG), e enzimas que sintetizam e degradam esses endocanabinoides. 
 
Os receptores CB1 são predominantemente encontrados no sistema nervoso central, enquanto os receptores CB2 estão mais presentes no sistema imunológico. A interação dos canabinoides com esses receptores pode modular a liberação de neurotransmissores, influenciando a percepção da dor e o humor.
 

Canabinóides no Tratamento de Transtornos Afetivos

Ansiedade e Depressão

Pesquisas têm sugerido que o canabidiol (CBD), um dos principais compostos da Cannabis sativa, possui efeitos ansiolíticos e antidepressivos. Estudos com modelos animais indicam que o CBD pode aumentar os níveis de serotonina, um neurotransmissor crucial para o humor e bem-estar. Ensaios clínicos em humanos, embora ainda limitados, também apontam para uma redução significativa dos sintomas de ansiedade e depressão com o uso de CBD.
 

Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)

O TEPT é uma condição debilitante que pode surgir após a exposição a eventos traumáticos. Estudos preliminares sugerem que o CBD pode ajudar a regular o processamento emocional e a memória traumática, reduzindo os sintomas associados ao TEPT. No entanto, a necessidade de mais pesquisas controladas e de longo prazo é fundamental para validar esses achados e definir protocolos de tratamento eficazes.
Canabinóides no Tratamento da Dor Crônica

Mecanismos de Ação

A dor crônica é uma condição complexa que pode resultar de várias causas, incluindo inflamação, lesão nervosa e disfunção do sistema nervoso central. Os canabinóides podem aliviar a dor crônica através de múltiplos mecanismos, incluindo a modulação da resposta inflamatória e a redução da sensibilidade nervosa.

Evidências Clínicas

Vários estudos clínicos têm demonstrado a eficácia dos canabinóides, particularmente do CBD e do tetrahidrocanabinol (THC), no alívio da dor crônica. Uma meta-análise publicada na Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry em 2018 indicou que os canabinoides podem ser eficazes no tratamento de condições como a dor neuropática e a fibromialgia. No entanto, a variabilidade nas formulações e dosagens dos produtos à base de cannabis representa um desafio para a padronização dos tratamentos.

Desafios e Considerações

Regulação e Legalidade

A regulamentação do uso medicinal da cannabis varia amplamente entre os países, impactando a disponibilidade e o acesso aos tratamentos. No Brasil, a Anvisa aprovou em 2019 a fabricação de medicamentos com predominância de CBD, permitindo a venda em farmácias sob condições rigorosas. No entanto, a pesquisa com THC enfrenta restrições significativas, limitando o desenvolvimento de terapias combinadas que possam explorar o potencial sinérgico dos diferentes canabinoides.

Segurança e Eficácia

Embora os canabinoides sejam geralmente considerados seguros, é essencial monitorar suas interações com outros medicamentos e possíveis efeitos adversos. O CBD, por exemplo, pode inibir enzimas do fígado responsáveis pela metabolização de outros fármacos, exigindo cuidado na combinação de tratamentos. Ensaios clínicos rigorosos são necessários para estabelecer doses eficazes e seguras para diferentes condições.

Quer saber mais?

As terapias com produtos à base de cannabis estão aumentando, fazendo-se necessárias adequações nas regulamentações da Anvisa junto aos conselhos da área da saúde. Os professores da Pós USCS, Humberto Spindola e Silvia Dias, trouxeram esse tema para explicar sobre a importância que os profissionais da saúde vêm conquistando seu espaço no mercado com o uso da cannabis em suas terapias. Assista na live "Cannabis Medicinal e os benefícios para os profissionais da Saúde":
 
 

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O sistema endocanabinoide oferece um potencial promissor para o tratamento de transtornos afetivos e dor crônica, com o CBD emergindo como um componente chave devido aos seus efeitos ansiolíticos, antidepressivos e analgésicos. No entanto, a necessidade de mais profissionais qualificados é crucial para transformar esse potencial em tratamentos padronizados e amplamente acessíveis.
 
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