A psicoterapia tradicional tende a tratar a psique individual, entretanto, há um consenso entre diversos teóricos da filosofia e antropologia de que muitas das feridas pessoas estão, em realidade, enraizadas em traumas culturais.
São exemplos as guerras, opressões, genocídios e, até mesmo, grandes rupturas sociais - estes tendem a deixar marcas significativas que podem perdurar por gerações, alterando o modo como a psique individual e coletiva opera, como estudado por Carl Jung.
Continue a leitura e entenda como os traumas compartilhados impactam as culturas, sendo transmitidos ao longo dos anos.
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A incorporação cultural do trauma
Para a vertente existencialista, alguns filósofos como Jean-Paul Sartre e Albert Camus colocavam o trauma como resposta a rupturas nos sistemas de crenças responsáveis por atribuir senso de significado e coerência à vida.
Sarte desenvolveu, em suas obras, teorias sobre o “confronto com o absurdo” de um mundo cruel e como este poderia provocar uma imensa crise na busca por significado. Já Camus, ao formular a obra ‘O Mito de Sísifo’ (1942), questiona o significado da vida perante o “silêncio irracional do mundo”.
Mitologia e criação de significado
Apesar de mitos, rituais e crenças auxiliarem no processo das culturas em lidar com o sofrimento, atribuindo significados maiores para a vida, em determinado momento a cultura ocidental moderna vivenciou uma “dissociação mítica”, como aponta Joseph Campbell em ‘O Poder do Mito’ (1988), fazendo com que as mitologias perdessem a coesão responsável por ajudar a sociedade no processo de integração de traumas, fragmentando, assim, as narrativas culturais.
Carl Jung entende a mitologia como objetos de crenças, sendo de grande relevância para a formação da psique. O pai da Psicologia Analítica aponta em seus estudos teóricos que os mitos e contos de fadas são responsáveis por dar expressão aos processos do inconsciente e, quando exteriorizados em contos orais, conseguem restabelecer a ligação entre o consciente e o inconsciente.
Complexos culturais
Os analistas junguianos Samuel Kimbles e Thomas Singer desenvolveram a teoria dos “complexos culturais”, onde apontaram que as vidas psíquicas de grupos podem ser moldadas pelos resíduos emocionais advindos de traumas históricos.
Estes complexos, assim como a teoria dos “complexos pessoais”, de Carl Jung, podem exercer grandes influências no modo como a sociedade opera, sendo ativados por gatilhos coletivos. O médico e psicólogo junguiano, Joseph Henderson, complementa a teoria ao abordar sobre a existência de um “inconsciente cultural”, colocando que traumas culturais relativos à raça, gênero e religião tendem a se manifestar em psiques individuais.
Fazendo a ponte entre o individual e o coletivo
O individualismo moderno, apesar de ser muito benéfico, pode também causar um afastamento das práticas coletivas que auxiliam no processo de cura de traumas históricos nas sociedades tradicionais. Para isso, é importante saber dosar a relação entre o individual e o coletivo, compreendendo com profundidade as raízes culturais e intergeracionais das feridas psicológicas para melhor desenvolver a cura pessoal e social.
Visando auxiliar neste processo, cada vez mais a “terapia cultural” contemporânea ganha força ao desenvolver projetos comunitários através de memoriais públicos e comissões de verdade e reconciliação para atuar no processo de assimilação e cura de traumas históricos. Quando o indivíduo consegue lamentar coletivamente perdas, este consegue curar feridas históricas, desempenhando um papel catártico para a psique cultural. E, ao integrar com a terapia individual, o paciente consegue compreender, também, sua dor a nível pessoal em contextos históricos maiores.
Como tratar traumas coletivos e individuais
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