Erros na profissão: Enfermagem

Erros na profissão: Enfermagem

image


Erro humano é uma condição existente em todos os segmentos profissionais. Entretanto, o erro na área de saúde, particularmente na equipe de enfermagem, cuja profissão tem uma responsabilidade no cuidado ao ser humano está em evidência na mídia com enfoque negativo da profissão.

Atualmente, estes erros vêm tomando uma proporção preocupante na mídia televisiva e escrita que cotidianamente divulga noticias acerca desta problemática, remetendo os profissionais de enfermagem de uma maneira geral, a uma situação de vulnerabilidade e fragilidade diante da opinião pública.

Em relação a estes fatos lamentáveis que ocasionaram algumas mortes, vimos discorrer pequenos comentários acerca da delicada situação em que estão expostos estes profissionais.

Esta maior incidência de erros que emergem na profissão em momento atual, se observarmos o número de profissionais 1.800.00 profissionais de enfermagem existente em todo país distribuídos entre Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem e Auxiliares, há um número irrisório de profissionais que cometeram erros que acarretaram a morte de alguns brasileiros.

Claro que estas vidas têm uma grande relevância para a sociedade e estes erros cometidos por alguns profissionais não são justificáveis, mas elencaremos alguns fatores que são primordiais a serem descritos, para entender esta lamentável situação ocorrida no cenário brasileiro envolvendo profissionais de enfermagem:

a) Falha humana - É óbvio que isto ocorre tristemente também entre profissionais de enfermagem que trabalham em instituições que permitem uma sobrecarga de trabalho na equipe de enfermagem; há falhas na elaboração de escalas de atividades com jornadas duplas ou triplas de trabalho aos técnicos e auxiliares de enfermagem por parte da instituição de saúde onde atuam, devido à falta de profissionais para atendimento, de acordo com a complexidade de cada paciente, conforme normatização obrigatória do COFEN.

Outras vezes, os erros ocorrem devido à carência de profissionais competentes para realizarem procedimentos e técnicas de maior complexidade aos pacientes com risco de morte.

Isto tudo tem uma conotação prejudicial para a nossa categoria profissional, pois estamos convivendo com vidas neste cenário de saúde, onde processo saúde-doença está em evidência e jamais podemos falhar quando estivermos ofertando cuidados a outrem.

b) Desvio de função - Alguns empregadores, por estarem apenas visando o lucro dentro de alguns serviços de saúde, onde atuam os profissionais de enfermagem, acabam substituindo a mão-de-obra do profissional Enfermeiro por Auxiliares de enfermagem (o custo desta mão de obra do auxiliar é muito menos onerosa ao empresário).

Muitos auxiliares e técnicos trabalham em instituições de saúde sem a supervisão do Enfermeiro, pois não há este profissional, nestes locais ; em alguns serviços há poucos enfermeiros que não assumem a responsabilidade técnica das Instituições de Saúde, não cumprindo a SAE - Sistematização de Assistência de Enfermagem que é preconizada pelo COFEN.

c) Instituições formadoras - Por outro lado há escolas onde formam profissionais em número quantidade, apenas visando lucros, em detrimento da qualidade desta formação. Isto ocorre devido à precariedade de carga horária mínima em disciplinas importantes na formação destes profissionais técnicos.

Há por outro lado dificuldades em vivências situacionais - estágios de campo-, a estes alunos no momento de sua formação acadêmica, por interesses financeiros de atores envolvidos Escolas formadoras x Instituições de Saúde, que oferecem estes campos de estágios imprescindíveis à formação técnica destes alunos.

Outras falhas no período de formação destes discentes ocorrem devido a pouca quantidade de professores pouco capacitados e habilitados que acompanhem estes discentes em situações de estágios obrigatórios inerentes à sua formação, muitas vezes recém-formados sem experiência e vivência profissional para transmitir aos alunos em formação.

Além disto, há pouco conhecimento científico difundido aos alunos, seja por despreparo de docentes formadores e/ou falta de instituições hospitalares para realização destes estágios. Finalmente, há um preocupante problema de alunos que não possuem perfil para atuar nesta profissão, mas que insistem em estar nesta área, sendo admitidos em algumas instituições de ensino técnico sem nenhum critério de elegibilidade para realizar estes cursos técnicos.

Esta somatória de fatores dentre outros, são o diferencial para que todos estes erros aconteçam e com isto, seja o influenciador negativo para opinião pública em relação a todas estas mortes que estão ocorrendo em algumas cidades brasileiras.

O senso comum da população em geral, acaba generalizado e tecendo comentários inverídicos de nossa competência profissional enquanto categoria, mas podemos perceber por todo este tempo de formação e atuação em diversos serviços público-privados na área assistencial, gerencial e na área de docência, que a grande maioria de profissionais de enfermagem com os quais convivi e convivo profissionalmente, possuem uma grande competência técnica e ética para exercê-la com dignidade.

É claro que nada justifica mortes diárias que ocorrem nas instituições de saúde, decorrente de cuidados inadequados e errôneos ofertados por profissionais Auxiliares e Técnicos pouco habilitados, sejam em realização de procedimentos simples do cuidar aos mais complexos, e que sempre estes cuidados estão inseridos na responsabilidade de Enfermeiros, que segundo Lei 7498 /86 que regulamenta nosso exercício profissional e incumbe às mesmas responsabilidades sobre sua equipe.

Faz-se necessário que haja uma co-responsabilidade entre as entidades fiscalizadoras - Corens, Conselhos Regionais de Enfermagem de cada estado; Sindicatos de Enfermagem sejam a níveis Estaduais como Federais; o Ministério da Saúde, fiscalizando instituições que prestam assistência à saúde, para que tenham adequação em planta física e possuam recursos materiais e humanos para atuação adequada de profissionais de enfermagem sem exposição a riscos profissionais; o Ministério da Educação, no sentido de atentar às instituições formadoras de nível superior - Enfermeiro -, e Secretarias Estaduais de Educação, responsáveis por escolas formadoras de profissionais - Técnicos e Auxiliares de Enfermagem -, todos preocupados com o projeto pedagógico adequado para ofertar uma boa formação técnica a estes alunos, acarretando um profissional capacitado para se inserido no mercado de trabalho.

Desta maneira, profissionais de enfermagem capacitados e competentes, terão uma melhor qualidade de vida no trabalho, para melhor exercício de sua função. Por outro lado, a população que recebe os cuidados desta equipe de enfermagem terá mais segurança de uma assistência isenta de imperícia, imprudência e negligência por parte destes profissionais, que é o mínimo preconizado pela nossa Constituição Federal e inseridos na definição da Organização Mundial de Saúde que descreve Saúde como o bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença.

 

Pós-graduação na área de ENFERMAGEM

SAÚDE PÚBLICA E PSF PARA ENFERMEIROS

 

 

0800 767 8727 | (11) 2714-5699