A série de blogs "Jungian Bits of Information" explorou a interseção intrigante entre Inteligência Artificial (IA) e o inconsciente na busca por respostas fundamentais. Tanto o Cientista da Computação quanto o Psicanalista buscam solucionar problemas complexos, utilizando máquinas e a psique, respectivamente. Enquanto o Cientista da Computação lida com dados, o Psicanalista enfrenta problemas emocionais.
No entanto, ambos buscam atingir a singularidade: para os Cientistas, é o ponto em que as máquinas se tornam verdadeiramente inteligentes, representando o ápice do algoritmo; para os Psicanalistas, é o Self: a imagem arquetípica do potencial máximo de um indivíduo e a unidade da personalidade como um todo, um princípio unificador dentro da psique humana.
Um Algoritmo em uma Máquina versus um Princípio Unificador na Psique? Qual deles vencerá essa corrida? Compartilhe seus pensamentos enquanto eu exploro as implicações da IA no ambiente de trabalho e na prática psicanalítica, e o que a Psicologia Analítica pode nos dizer sobre nossas motivações humanas para a IA.
O assunto é tão interessante que o psicanalista e membro fundador da Sociedade Internacional de Neuropsicanálise, Yusaku Soussumi, escreveu um artigo investigando se é possível uma psicanálise da tecnologia ou uma tecnologia da psicanálise.
Outra psicanalista, Luciene dos Santos, pesquisadora em imagens, semiótica e processos interativos e perceptuais com as imagens e as telas digitais, escreveu o artigo sobre o inconsciente e tecnologia digital: o real e o tempo — onde considera que os processos de digitalização e automação das práticas e atividades humanas cotidianas está produzindo uma alteração psíquica na apreensão perceptual das categorias espaciais e temporais e, consequentemente, das relações entre os homens e entre estes e sua ambiência.
A IA e o Inconsciente: semelhanças e diferenças
O professor Flávio Ferrari começou seu artigo sobre Inteligência Artificial e Inconsciente explicando que “a comparação pode parecer estranha à primeira vista, mas faz sentido”. Ela fala especificamente da Inteligência Artificial Generativa, um algoritmo capaz de produzir conteúdos “novos” a partir das informações existentes — como o Chat GPT.
Flávio observa que nosso inconsciente é infinitamente mais complexo do que qualquer inteligência artificial, mas destaca alguns pontos de similaridade:
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Ambas as estruturas operacionais (IA Gen e Inconsciente) trabalham com a informação disponível, ou seja, dependem de “alimentação”;
- O processamento das informações é condicionado pela constituição das estruturas “analítico-combinatórias”, que podem sofrer alterações ao longo do tempo a partir das interações com o “mundo exterior”.
Além dos dois pontos enumerados por Ferrari, ele também observa que:
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IA e Inconsciente operam com “alguma autonomia” no sentido de que, assim como na IA os usuários não “percebem” o funcionamento do algoritmo, nosso inconsciente “registra tudo que captamos sensorialmente e combina essas informações gerando novos conteúdos, sem que estejamos conscientes de seu funcionamento”.
- A Psicologia Junguiana ensina que o nosso inconsciente é alimentado de forma sensorial e, quanto mais acumulamos experiências de vida, mais material o inconsciente terá para trabalhar. A IA generativa também precisa ser alimentada com textos, áudios e vídeos.
Há também diferentes interesses. No caso do nosso inconsciente, “o processo transcende o conteúdo formal porque o consumo do conteúdo gera emoções e as percepções humanas são subjetivas. Por exemplo: as emoções geradas pela leitura de um livro ou de uma notícia alteram a maneira como essa informação será processada em nosso inconsciente.
E, embora não saibamos bem como funciona o inconsciente, é universalmente aceito que ele tem influência significativa sobre como percebemos, interpretamos e interagimos com o mundo e com nós mesmos.
No artigo “Largue a mão da IA, agarre o inconsciente”, a pesquisadora e artista visual, Veridiana Zurita, diz que “é ilusório ver a IA como externa a nós” e faz coro ao pensamento de Andy Clark, professor de filosofia cognitiva da Universidade de Sussex, que há mais de duas décadas participou do nascimento da teoria da “mente estendida” — que sugere que perder o celular é como perder um pedaço do cérebro ou sofrer um dano cerebral tal a maneira como o cérebro parece tão bem acoplado à tecnologia. Andy Clark diz em entrevista que “a inteligência artificial será como um novo módulo inconsciente do nosso cérebro”.
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Carl Jung ensinou que o inconsciente é uma fonte de conteúdos que nunca se cala e ninguém pode calar, pois o inconsciente possui uma força criativa. Jung diz também que o inconsciente exerce uma influência poderosa na vida, nas emoções, nos comportamentos e atitudes, sem que a consciência humana tenha noção de tal acontecimento.
A especialização da Pós USCS em Psicologia Analítica: uma abordagem junguiana é o curso ideal para quem se interessa em saber mais sobre as relações cada vez mais estreitas entre a inteligência artificial e o nosso inconsciente.