Jung e a Religião na sua vida

Jung e a Religião na sua vida

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A religião para Carl Jung compreende uma presença marcante, considerando sua história particular uma vez que seu pai, Paul Jung, exercia funções como pastor protestante. Desta forma, a religião aparece como veículo indissociável em sua vida - em diversas obras autorais, o pai da Psicologia Analítica fazia alusões a religiões, mitologias e símbolos;
 
A expressão religiosa sempre foi tão grande e influente em sua vida, que Jung comportava, acima da porta de sua casa em Zurique, o escrito em latim “Vocatus atque non vocatus, Deus aderit” (tradução: “seja convocado ou não, Deus estará presente”) e, apesar de poucos se aterem a tal fato, a religião e a espiritualidade são fatores extremamente relevantes e de grande importância em seu trabalho com a abordagem psicanalítica.
 
Continue a leitura e entenda a influência da religião para o trabalho e vida de Carl Jung.
 
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Religião X Espiritualidade

Para Carl Jung, há certa distinção entre a religião e a espiritualidade, entretanto, compreende que o ser humano possui necessidades espirituais inatas, como aponta na obra ‘The Collected Works of Carl Gustav Jung, vol. 11’ (1928) ao dizer que as necessidades espirituais são “tão reais quanto a fome e o medo da morte”. Tais necessidades, para Jung, são vitais pois são responsáveis por, junto a outros padrões arquetípicos, orientar a existência humana e o modo de viver.
 
O ser humano sempre está em busca de atender aos anseios espirituais de diversas maneiras, sempre pautando esses anseios no desejo de encontrar um significado maior e propósito em sua vida.
 
Muitos acreditam que somente encontrarão tal propósito uma vez que for possível conquistar coisas como o “corpo perfeito”, um relacionamento idealizado, uma família feliz, ou mesmo no acúmulo de riquezas e bens materiais. Entretanto, estes são apenas objetivos e, até mesmo, tendem a atrapalhar na busca pelo bem-estar físico e mental pois podem acarretar frustrações e ressentimentos.
 

Individuação

Dentre as teorias formuladas por Jung para compor seu estudo para a abordagem da Psicologia Analítica, o psicólogo implementou o conceito de individuação, que se trata de uma teoria que se refere ao processo de se tornar consciente de si como um ser único. Tal processo é responsável por integrar os diferentes aspectos da personalidade, sejam eles conscientes ou inconscientes, além de possibilitar o desenvolvimento de uma identidade autêntica e integrada.
 
Ainda, Jung postulou que o objetivo espiritual mais saudável e benéfico para o indivíduo seria, justamente, o processo de individuação. Logo, o indivíduo ao desenvolver o esforço em manter a autenticidade, conseguiria se conectar de maneira mais profunda com sua essência.
 
A individuação pede que haja uma integração entre as partes do indivíduo que foram, anteriormente, projetadas, reprimidas, separadas ou negadas, para que, desta maneira, seja possível encontrar um “eu” completo e mais autêntico e que consiga se manifestar de maneira plena e genuína. Para que isso seja possível, Jung indica que o desenvolvimento pessoal ocorra através da análise e da religião.
 

Religião como o caminho para a espiritualidade

A religião aparece enquanto uma possibilidade de caminho para a espiritualidade, entretanto, ter crença em forças divinas, participar de uma comunidade religiosa ou aderir às práticas de tais comunidades não são garantia de que o indivíduo vá atingir um nível elevado de espiritualidade e desenvolvimento pessoal.
 
Dentro da tradição mística, que compartilha grandes características em todas as grandes religiões, há certa ênfase na necessidade de responsabilidade pessoal e a experiência direta para com o divino, seja através do ato de estar com Deus, sentir-se parte de Deus, ou mesmo ao atuar como veículo para a transmissão de graças e dons divinos.
 
O ato de buscar realização espiritual através do caminho religioso pode desencadear a questão do fundamentalismo, isto é, o efeito oposto da individuação. Ao atrelar uma crença em uma verdade estática e definitiva, oferecida por autoridades religiosas no lugar desta verdade partir da evolução dependente da psique do indivíduo, o mesmo pode se encontrar adentrando o fundamentalismo, enquanto abandona seu caminho em direção à individuação.
 
Entretanto, Carl Jung notou que para alguns de seus pacientes a estrutura religiosa compreendida na Igreja, conseguia fornecer benefícios psíquicos necessários, passando, até mesmo, a encerrar suas sessões terapêuticas com pacientes que viessem a integrar uma comunidade religiosa.
 
Em sua justificativa, o psicólogo analítico apontava que um indivíduo capaz de se afastar da dependência plena de julgamentos alheios, dependência de um Deus que comanda cada passo seu com a promessa de salvação, é um indivíduo com força de ego suficiente para se sustentar, capaz de se confortar, desenvolvendo estruturas psíquicas próprias.
 

Individuação como um caminho espiritual

De forma inconsciente, muitos acabam seguindo o caminho espiritual que leva ao processo de individuação, entretanto, quando o interesse em atingir a individuação parte de forma consciente, o indivíduo realmente consegue atingir uma conquista espiritual, segundo Carl Jung.
 
O pai da psicologia vivenciou anos de dúvidas e sofrimentos suscitados por suas angústias com a religião, o que o levou a formulação de que não vivia no “mito cristão”, mas dentro de seu mito pessoal, colocando ainda que o “eu” seria o princípio de tudo e o arquétipo da orientação que leva ao significado de algo maior.
 
Ainda, Jung apontou na obra ‘Memories, Dreams, Reflections’ (1961) que a vida interna da psique é mais importante do que os eventos externos vivenciados pelo indivíduo. Logo, as formas externas de religião poderiam ser uma forma de seguir com o próprio caminho espiritual, em busca da individuação, porém, todos os eventos externos devem ser compreendidos simbolicamente.
 

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