A poda sináptica é um evento não patológico que desempenha um papel essencial no estabelecimento das redes complexas do cérebro em desenvolvimento. A maioria das mortes celulares de ocorrência natural em populações neuronais ocorre no período pré-natal, porém esse processo ocorre também durante a adolescência, quando os circuitos neurais devem ser reorganizados para promover um comportamento adulto, diferente daquele observado na infância. Uma função importante da morte celular no desenvolvimento do cérebro é o seu papel na regulação do estabelecimento de circuitos neurais eficazes e funcionais (MACHADO, 2013).
A entrada aferente desempenha um papel crítico na modulação da estabilização ou eliminação das vias; assim, o desenvolvimento da organização normal do cérebro requer o input dos sistemas sensoriais. Padrões alternativos de organização cerebral surgem quando ocorre a falta de uma dessas entradas, graças à capacidade de adaptação plástica do tecido neural.
A padronização cortical iniciada no período embrionário permanece maleável por um longo período de tempo. Em idades posteriores, na infância, adolescência e mesmo quando maduro, o sistema nervoso continua a exigir entrada para adquirir novos conhecimentos e desenvolver sistemas neurais funcionais. A relação com o ambiente tem um papel crucial no estabelecimento e refinamento da organização neural de modo a permitir que o organismo se adapte às contingências do mundo em que vive (MACHADO, 2013).
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Duas maneiras de alterar o input de informação são o enriquecimento e a privação. Greenough mostrou que a criação de animais em ambientes empobrecidos (gaiolas de laboratório padrão) ou enriquecidos (grandes recintos com pontos de referência interessantes e mutáveis, e vários companheiros de ninhada) afeta o desenvolvimento de uma ampla gama de estruturas e funções cerebrais (MARKHAM; GREENOUGH, 2004). Animais criados em ambientes complexos mostram aumento na densidade das sinapses corticais, aumento na quantidade de células de suporte do córtex e até incremento da complexidade do sistema de vascularização cerebral. Além disso, muitas das consequências da criação no ambiente mais complexo mantêm-se mesmo se o animal é reconduzido a ambientes mais pobres em estímulos.
Estudos sobre o efeito da privação com crianças institucionalizadas, que tiveram pouco contato físico afetivo, principalmente durante os dois primeiros anos de vida, demonstram que a ausência de afeto ocasiona atrasos na função cognitiva, no desenvolvimento motor e na linguagem, além de déficits nos comportamentos socioemocionais. Estas vivenciam mais transtornos psiquiátricos.
Quando as crianças mais velhas, que viveram com seus pais desde o nascimento, foram transferidas para um orfanato aos 8 anos de idade, a atividade elétrica de seus cérebros não parecia diferente da dos controles da comunidade. As crianças institucionalizadas que foram transferidas para lares adotivos recuperaram parte desse volume de matéria branca ausente ao longo do tempo. Seu volume de massa cinzenta, no entanto, permaneceu baixo, tendo ou não sido transferidas para residências estáveis (NELSON et al., 2014).
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