De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 5% da população têm algum tipo de altas habilidades/superdotação (AH/SD). Só no Brasil, segundo o Censo Escolar 2022, são 26.815 estudantes identificados com AH/SD nas escolas.
Vale lembrar que esses números podem ser muito maiores, pois a identificação de muitas pessoas acaba não acontecendo. E, como trabalhar com crianças com AH/SD pode ser desafiador, profissionais da área de Psicopedagogia devem se especializar cada vez mais.
Afinal, crianças e jovens com altas habilidades ou superdotação têm necessidades educacionais e emocionais únicas. E, infelizmente, muitas dessas questões ficam de fora das discussões sobre educação inclusiva.
Altas habilidades versus superdotação
Muitos acreditam que uma pessoa com altas habilidades ou superdotação é uma espécie de gênio. Contudo, essa desinformação pode criar estigmas, incompreensão e falta de apoio.
O Ministério da Educação divulgou uma diretriz que distingue as altas habilidades ou a superdotação da seguinte forma:
Altas habilidades: enfatiza os aspectos que são moldados, modificados e enriquecidos pelo papel do ambiente (família, escola, cultura).
Superdotação: faz referência aos aspectos inatos e genéticos da inteligência e da personalidade.
Muitos acreditam que basta levar em consideração o alto QI para definir um indivíduo com AH/SD. Contudo, esse indicador limita-se à habilidade acadêmica. Existem diversos tipos de inteligência que uma pessoa pode se destacar para ser considerada com altas habilidades ou superdotação.
A Política Nacional de Educação Especial, de 2008, identifica pessoas com AH/SD com potencial elevado, de forma isolada ou combinada, nas áreas:
- acadêmica;
- intelectual;
- de liderança.
O texto ainda afirma que pessoas com altas habilidades ou superdotação também têm "elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse”.
Como identificar uma criança com AH/SD
O primeiro ponto é compreender que ter altas habilidades ou superdotação não significa ser excepcional em tudo. Há a possibilidade de a pessoa com AH/SD ter alto rendimento em determinadas áreas, mas baixo em outras. Nesse contexto, não é incomum que indivíduos AH/SD apresentem transtornos no neurodesenvolvimento e de aprendizagem, como autismo e dislexia.
Por isso, muitas escolas têm grande dificuldade de detectar crianças com altas habilidades e superdotação. Muitas vezes, elas são confundidas com crianças hiperativas, com déficit de atenção e com distúrbio comportamental. Contudo, não identificá-las como AH/SD pode prejudicar e muito o desempenho escolar e o desenvolvimento pessoal.
Tendo isso em mente, as principais características observáveis em pessoas com altas habilidades ou superdotação são:
- perfeccionismo;
- aprendizado rápido;
- questionamento de regras;
- capacidade de solucionar problemas;
- alta sensibilidade emotiva e/ou sensorial;
- alta capacidade de concentração em assuntos de interesse;
- capacidade de correlacionar ideias aparentemente não conectadas.
As dificuldades da criança superdotada ou com altas habilidades
Como mencionamos anteriormente, indivíduos superdotados têm necessidades educacionais e emocionais únicas. Entre as principais dificuldades de crianças com AH/SD estão:
Tédio e desinteresse
Crianças superdotadas podem se sentir entediadas na escola se o currículo não oferecer desafios suficientes para estimular seu intelecto. Isso pode levar à falta de motivação e ao desinteresse.
Isolamento social
Em virtude das diferenças de interesses e habilidades, as crianças superdotadas podem ter dificuldade em encontrar colegas com os quais se identificar. Isso pode levar ao isolamento social e à dificuldade em desenvolver amizades.
Expectativas elevadas
Muitas vezes, há expectativas elevadas em relação ao desempenho acadêmico e comportamental dessas crianças, o que pode criar pressão adicional e ansiedade.
Sensibilidade emocional
Crianças superdotadas podem ser emocionalmente sensíveis e reagir intensamente a situações emocionais. Elas podem se sentir sobrecarregadas pelas expectativas dos outros ou pela pressão de se destacarem.
Diferenças de aprendizado
Podem existir diferenças significativas nas taxas de aprendizado e na abordagem da aprendizagem. Alguns podem aprender rapidamente em determinadas áreas, enquanto outros podem precisar de apoio em outras.
Frustração com a rotina escolar
Crianças superdotadas, muitas vezes, preferem abordagens de aprendizagem mais flexíveis e podem ficar frustradas com a rigidez das rotinas escolares tradicionais.
Perfeccionismo
O perfeccionismo é comum entre crianças superdotadas, levando a altos padrões autoimpostos e, por vezes, à frustração quando não conseguem atingi-los.
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Como o psicopedagogo pode ajudar crianças superdotadas?
Muitos dos desafios citados anteriormente podem ser mitigados com apoio educacional e emocional adequado. Identificar e atender às necessidades específicas dessas crianças é crucial para garantir seu desenvolvimento holístico.
Portanto, confira como o psicopedagogo pode auxiliar crianças com altas habilidades ou superdotação:
Avaliação e identificação
O profissional pode realizar avaliações para identificar as habilidades específicas e as necessidades educacionais da criança superdotada. Com isso, é possível identificar possíveis dificuldades, como problemas de aprendizagem, desafios emocionais ou necessidades específicas que possam interferir no desenvolvimento.
Plano de intervenção
Desenvolver planos de intervenção personalizados que atendam às necessidades educacionais e emocionais da criança é essencial. O psicopedagogo pode, dessa forma, criar estratégias adaptativas para lidar com as dificuldades específicas que a criança possa enfrentar.
Orientação para pais e educadores
É papel do profissional de Psicopedagogia fornecer orientação aos pais sobre como apoiar o desenvolvimento da criança em casa. É possível ainda colaborar com educadores para adaptar as estratégias de ensino para atender às necessidades da criança no ambiente escolar.
Estímulo ao desenvolvimento social e emocional
O psicopedagogo pode auxiliar a criança superdotada a desenvolver habilidades sociais e emocionais, incluindo a gestão de expectativas e pressões. Facilitar grupos de apoio ou atividades que promovam a interação social com pares que compartilham interesses semelhantes é uma alternativa.
Promoção de estratégias de aprendizagem
Ensinar estratégias de aprendizagem eficazes, incluindo habilidades de organização, gerenciamento do tempo e métodos de estudo é uma estratégia que pode ser utilizada. Além disso, é possível incentivar a autonomia e a autorregulação na busca do conhecimento.
Monitoramento do progresso
O psicopedagogo deve avaliar continuamente o progresso da criança e ajustar os planos de intervenção conforme necessário. Nessa linha, é essencial colaborar com a escola e com os pais para garantir a consistência no apoio fornecido.
Quais atividades passar para crianças superdotadas?
Para crianças superdotadas, é importante fornecer atividades desafiadoras e estimulantes, que atendam às suas necessidades intelectuais e promovam o desenvolvimento de habilidades específicas.
Confira 8 atividades que podem ser propostas por psicopedagogos para crianças com AH/SD:
1. Projetos de pesquisa
O profissional pode encorajar a criança a escolher um tópico de interesse e realizar um projeto de pesquisa aprofundado. Isso irá desenvolver habilidades de investigação, análise crítica e apresentação.
2. Clubes de estudos específicos
O psicopedagogo pode conversar com a família e estimular que a criança participe de grupos que explorem temas avançados em áreas que ela tenha potencial.
3. Avaliação por portfólio
É interessante encorajar a criança a criar um portfólio que destaque suas realizações, projetos e trabalhos ao longo do tempo. O objetivo é permitir a reflexão sobre o progresso e o desenvolvimento pessoal.
4. Desafios de resolução de problemas
Proporcionar atividades que envolvam desafios de resolução de problemas complexos é uma ótima forma de incentivar a aplicação prática do conhecimento. Além disso, a criança se sentirá estimulada e desafiada.
5. Oficinas criativas
Oferecer oportunidades para explorar e expressar criatividade por meio de atividades artísticas, como pintura, escultura, música ou escrita pode ser uma ótima opção. É comum que, no ambiente escolar, crianças com essas aptidões não tenham tanto espaço. A sessão psicopedagógica pode ser justamente esse espaço de liberdade.
6. Exploração de tópicos interdisciplinares
O profissional pode conversar com pais e professores para encorajar a exploração de tópicos interdisciplinares. Ao conectar várias disciplinas, é possível promover uma compreensão abrangente e prender a atenção da criança em outras áreas.
7. Atividades de aprendizado autônomo
O psicopedagogo pode fornecer materiais e recursos para aprendizado autônomo, permitindo que a criança explore áreas de interesse por conta própria.
8. Desafios de estratégia e lógica
É possível introduzir jogos que estimulem o raciocínio lógico e estratégico, como xadrez, quebra-cabeças complexos ou jogos de tabuleiro avançados.
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