Por Pedro Hermano*
A vida imita a arte ou seria o contrário? “A vida é a imitação de algo essencial, com o qual a arte nos põe em contato”, acreditava Antonin Artaud. Já para Oscar Wilde: “a vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida.” Paulo Leminski, no entanto, pensava o contrário: “a vida não imita a arte. Imita um programa ruim de televisão”, bradava o escritor, poeta e crítico literário.
Resposta única para o dilema, talvez, nunca haverá. O que dá para saber, com certeza, é que a sétima arte conta com um verdadeiro arsenal de obras que fazem, no mínimo, refletir sobre a vida.
Confira a seguir uma lista de filmes que todo o profissional de marketing e comunicação deveria assistir. O Top 10 foi criado por Pedro Hermano, sócio fundador e diretor de criação digital da Agência 242, especializada em marketing digital.
1 - Cidadão Kane (Citizen Kane – EUA, 1941)
Dirigido por Orson Welles, é considerado pela crítica especializada como o maior filme da história até o momento, figurando no primeiro lugar da lista do American Film Institute (AFI). O longa narra a ascensão de um mito da comunicação norte-americana: Charles Foster Kane. De garoto pobre do interior a magnata mundial de um império do jornalismo e da publicidade, a história da personagem é contada a partir da sua morte. Um jornalista recebe a tarefa de investigar qual era, afinal, o significado da última palavra proferida por Kane: "Rosebud". Inspirado na vida do milionário William Randolph Hearst, é um filme obrigatório para qualquer profissional da área. Uma referência sobre como criar uma narrativa eficaz.
Trailer: https://goo.gl/PocUAp
2 - Obrigado por Fumar (Thank You for Smoking - EUA, 2005)
Como porta-voz da empresa Big Tobacco, Nick Naylor (Aaron Eckhart) foi chamado de muita coisa: “assassino de massas”, “assassino de crianças”, “sanguessuga”, “explorador”... é um trabalho duro defender os direitos dos produtores de cigarros e dos fumantes nos dias de hoje. Mas, como o próprio Nick afirma, se quisesse um trabalho fácil, teria ido trabalhar para a Cruz Vermelha. Confrontado pelos extremistas da saúde empenhados em banir o cigarro, e por um senador oportunista (William H. Macy) que quer inserir rótulos de veneno nos maços de tabaco, Nick lança-se numa ofensiva ação de relações públicas para defender o cigarro, contratando um agente de Hollywood para promover o produto no cinema. O filme mostra um profissional de comunicação em situações desafiadoras, e as estratégias para defender o que parece ser "indefensável".
Trailer: https://goo.gl/jjAquB
3 - No (Chile/EUA, 2012)
Chile, 1988. Pressionado pela comunidade internacional, o ditador Augusto Pinochet aceita realizar um plebiscito para definir a sua continuidade ou saída do poder. Acreditando que esta seja uma oportunidade única de pôr fim à ditadura, os líderes do governo resolvem contratar René Saavedra (Gael García Bernal) para coordenar a campanha contra a manutenção de Pinochet. Com poucos recursos e sob a constante observação dos agentes do governo, Saavedra consegue criar uma campanha consistente que ajuda o país a se ver livre da opressão governamental. A obra mostra o papel do publicitário na formação da opinião pública.
Trailer: https://goo.gl/159dC6
4 - 99 Francos (99 Francs, França - 2007)
Não é simples fazer publicidade na França. Altamente instruídos, os franceses, no geral, têm aversão a tudo que soe mercadológico. Da autoria de Frédéric Beigbeder, ex-redator da Young &Rubicam de Paris, o filme é uma dura crítica à publicidade. Na obra, o abuso da propaganda e a sociedade do consumo desenfreado são atacados em seis capítulos pela personagem principal, Octave, um publicitário de grande prestígio dentro e fora da fictícia agência Ross and Witchcraft. A obra conta como uma ideia "genial" pode se tornar "medíocre" após o cliente, uma grande firma de iogurtes atendida pela agência, "sugerir" (impor) a sua própria versão para a campanha. O fato desencadeia no protagonista uma crise depressiva, fazendo Octave dar início a uma rotina de uso de drogas. É um retrato do mundo da propaganda, desnudando os seus profissionais e demonstrando a sua força no mundo moderno.
Trailer: https://goo.gl/ibvNWm
5 - Do Que as Mulheres Gostam (What WomenWant, EUA – 2001)
“Do que as mulheres gostam” aborda uma questão importante na publicidade: compreender o ponto de vista alheio. No filme, Mel Gibson é Nick Marshall, um publicitário machista e conquistador que vê a sua carreira ameaçada pela contratação de Darcy Maguire (Helen Hunt) para o cargo de diretora de criação da agência em que trabalha. Apesar de ser uma comédia romântica, a obra trata de questões relevantes para o mercado: ouvir o cliente, colocar-se no lugar do outro, compreender as suas necessidades e oferecer as melhores soluções. O filme também aborda questões de comportamento e a forte disputa no ambiente de trabalho publicitário.
Trailer: https://goo.gl/V8Q6j9
6 – Art&Copy (EUA, 2009)
“Art&Copy” é um documentário sobre propaganda. Dirigido por Doug Pray, apresenta a visão de publicitários norte-americanos sobre a criatividade e sobre como sobreviver num sistema que exige “o novo” em meio à padronização. Ouvindo grandes nomes da indústria, o diretor traça um cenário da influência e do impacto da publicidade na cultura contemporânea. “Passando pela chamada revolução criativa da década de 1960 e chegando até os dias de hoje, o filme mostra porque pessoas com espírito rebelde e criativo acabaram caindo em um negócio geralmente associado com mediocridade e manipulação”, afirma Carlos Merigo. Segundo o próprio Doug Pray, sua intenção é influenciar artistas e escritores a criarem algo mais significativo, social e divertido. É uma obra que aborda o glamour da profissão, mas sem deixar de lado detalhes pouco ortodoxos.
Trailer: https://goo.gl/H6fRz6
7 – Muito Loucos (Crazy People, EUA – 1990)
E se um publicitário decidisse fazer uma campanha dizendo apenas a verdade? Este é o mote de “Muito loucos”, filme do começo da década de 90, com Dudley Moore e Daryl Hannah. Na obra, Emory Leeson (Moore) é um publicitário estressado que passa por um momento difícil, decidindo lançar uma série de anúncios que dizem somente a verdade. Pela ousadia, é internado num manicômio. Mas até no hospício ele encontra uma forma de criar novas campanhas e slogans. O surpreendente, porém, é que a ideia se mostra um verdadeiro sucesso, obrigando o chefe a convidá-lo de volta à agência. No filme, existem muitas lições sobre a verdadeira loucura que é a publicidade.
Trailer: https://goo.gl/UPdU8N
8 - Agência de Assassinos (Agency, Canadá - 1980)
Um milionário (Robert Mitchum) compra uma agência de publicidade e rapidamente passa a substituir os funcionários por pessoas de sua confiança. O problema é que os novos colaboradores parecem não entender nada de publicidade. Um dos funcionários antigos (Saul Rubinek) descobre que a verdadeira intenção do milionário é inserir mensagens subliminares nas propagandas de TV, com o objetivo de influenciar a população e favorecer políticos e corporações do seu círculo de relacionamentos. O sujeito conta o fato para um amigo (Lee Majors) e os dois passam a ser perseguidos por assassinos.
Trailer: não encontrado.
9 - Como Fazer Carreira em Publicidade (How to Get Ahead in Advertising, EUA – 1989)
Dennis Dimbleby Bagley é um brilhante executivo de publicidade londrino que enfrenta um sério problema: não consegue concluir uma campanha para vender um novo e revolucionário creme contra acne. Enquanto o prazo final para a entrega do job vai minguando - sob a ameaça de retirada da conta pelo cliente devido a adiamentos sucessivos, a tensão atrapalha o relacionamento com sua a esposa, os seus amigos, o seu chefe, e com o seu próprio corpo, quando uma estranha bolha aparece no seu ombro. Enfrentando uma das piores crises criativas e pessoais de sua vida, e decidido a largar a publicidade, Bagley se vê diante de uma incógnita quando a bolha cresce e cria olhos e uma boca. Ele acredita que ficou completamente louco.
Trailer: https://goo.gl/Ux3Ksf
10. Volta, Meu Amor (Lover Come Back, EUA – 1961)
Nessa comédia romântica, Jerry Webster (Rock Hudson) e Carol Templeton (Doris Day) é um casal de publicitários que atuam em agências de publicidade diferentes, mas em casa vivem em clima de competição. Enquanto Webster ganha clientes por meio de métodos eticamente discutíveis, Carol tenta manter-se no caminho saudável da profissão. As atitudes da personagem mudam quando, cansada de perder clientes para o marido e concorrente, Carol resolve se vingar e recorre a um enigmático cientista. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro em 1961, ano do lançamento.
Trailer: https://goo.gl/5DqkRU
*Sócio fundador e diretor de criação digital da Agência 242, especializada em marketing digital, Pedro Hermano é bacharel em Publicidade e Propaganda pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP), especialista em Branding e Planejamento Estratégico de Marcas pela McGillUniversity (Canadá) e pós-graduado em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral (FDC). Um dos primeiros brasileiros a ingressar no curso de Marketing Digital da Harvard Business School, Hermano é docente do curso de Pós-Graduação da Universidade de São Caetano do Sul (USCS), articulista em renomados veículos de comunicação e palestrante em temas como estratégias de criatividade, marketing digital, inovação, big data e transformação digital.