De fato, a pandemia do coronavírus trouxe à tona uma série de questões relacionadas à saúde mental. Parece que todos ficamos mais sensíveis. No período de isolamento, muitas pessoas tiveram que lidar com suas vulnerabilidades, porém, estudos indicam que o aumento de suicídios no mundo não está diretamente ligado à pandemia da Covid-19.
Segundo o estudo Suicide Trends in The Early Months of the Covid-19 Pandemic: An Interrupted Time-Series Analysis of Preliminary Data From 21 Countries, que foi realizado por diversos estudiosos e no qual 21 países foram avaliados, os índices de suicídios durante esse período foram menores que o esperado.
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Diante desse cenário, os suicídios que foram efetivamente consumados aconteceram em pacientes psiquiátricos que já passavam por tratamento psicológico e médico antes da pandemia começar. Porém, devido ao isolamento social, o tratamento dessas pessoas foi interrompido para evitar a disseminação da doença.
A saúde mental dos brasileiros diante da pandemia
No começo da pandemia, era comum as pessoas procurarem ajuda psiquiátrica para lidar com quadros de medo e ansiedade que eram causados pelo desconhecido, afinal, na época, o coronavírus estava sendo estudado e pouco sabíamos sobre a doença. Porém, ao longo dos meses, as aflições mudaram e o incômodo mais relatado foi em relação ao distanciamento físico e ao isolamento social.
A procura por atendimento a distância aumentou significativamente, e muitos profissionais se mobilizaram para oferecer serviços desse tipo durante o isolamento. A psicóloga, Gestalt-terapeuta, psicopedagoga, pesquisadora e coordenadora do curso de Pós em Suicidologia da USCS, Karina Okajima Fukumitsu, criou o programa RAISE Somos Mudança, ação que se mostrou efetiva no tratamento de diversos problemas de saúde mental causados pelo período pandêmico.
Por meio de um corpo docente formado por professores e profissionais que integraram as turmas da Pós-Graduação em Suicidologia da PÓS USCS, o programa RAISE Somos Mudança teve como objetivo gerenciar e fomentar um “hub” de saúde que atende o indivíduo em diversos aspectos, como nos âmbitos mental, físico e espiritual, promovendo intervenções nas áreas de saúde, educação, cultural e social.
Precisamos sempre vigiar e ficar alerta
Em alguns países, a pandemia do coronavírus acabou bagunçando a coleta de dados sobre mortes causadas por outros fatores. Por isso, infelizmente, é quase impossível ter a exatidão do número de suicídios em algumas localidades. Na verdade, essa falta de coleta ou confusão de dados jamais poderia ter acontecido, pois isso dificulta a tomada de decisões e a identificação de crises de saúde mental.
Por isso, mesmo após a estabilização do cenário pandêmico, é preciso que os órgãos públicos e os profissionais da área da saúde se mobilizem para acompanhar números, promover ações e trabalhar em prol da restauração da saúde mental da população. Porém, já vivenciamos eventos parecidos em nossa história, em que, após o fim da crise, o número de casos de suicídio aumentou gradativamente.
Portanto, é importante que tenhamos em mente que a pauta da saúde mental precisa estar sempre em voga, não importa se estamos ou não vivendo uma crise. É preciso uma mobilização pública e governamental para que medidas sejam tomadas para conter um possível aumento do número de suicídios.
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Fonte: https://medium.com/thepandemicjournal/casos-de-suic%C3%ADdio-no-mundo-n%C3%A3o-aumentam-em-virtude-da-pandemia-83c9162ef726