Oito relações entre o café e ataque cardíaco

Oito relações entre o café e ataque cardíaco

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Como quase tudo o que dá prazer, a cafeína é um alcalóide que provoca dependência química. Diversos pesquisadores procuraram caracterizar uma possível associação entre consumo de café e prevalência de doença coronariana, mas os resultados obtidos têm sido bastante conflitantes.

 

Muitos dizem que não conseguem raciocinar antes do café da manhã, queixam-se de intestino preso sem o cafezinho em determinadas horas, acham impossível fazer reunião de trabalho ou aturar visita em casa sem ele.

 

Apesar do poder aditivo da cafeína, capaz de nos fazer mendigar por um gole, o cafezinho é liberado em qualquer ambiente. É a última droga que nos deixaram para usar sem remorsos.

 

É lógico que uma droga consumida por tantos, dotada da propriedade de provocar dependência, acelerar o coração e excitar o sistema nervoso como a cafeína, que é considerada suspeita de fazer mal para o organismo até que se prove o contrário.

 

A única dúvida que persiste em relação ao cafezinho está relacionada à doença coronariana, a grande responsável pelos ataques cardíacos.

 

A suspeita de que o café possa aumentar o número de infartos do miocárdio foi recentemente reforçada pela demonstração de que tomar café não filtrado faz aumentar o colesterol total e a fração LDL, conhecida como “mau colesterol”.

 

A atual publicação de um artigo de um grupo de pesquisadores finlandeses constatou que:

 

1) Na Finlândia, o consumo per capita de café está entre os mais altos do mundo;

 

2) O sistema finlandês de registro das enfermidades que incidem sobre a população é bem organizado e criterioso;

 

3) A mortalidade por doença cardíaca é muito alta no país, o que permite a obtenção de resultados significantes estatisticamente.

 

No estudo, foram selecionados ao acaso 20.179 homens e mulheres de 30 a 59 anos. Os dados de cada participante foram colhidos nos anos de 1972, 1977 e 1982. Os pesquisadores incluíram também, no trabalho, informações sobre as doenças do passado, quantidade de café ingerida diariamente e a presença dos fatores de risco para doença coronariana: cigarro, hipertensão, diabetes, níveis de colesterol, vida sedentária, história familiar, etc.

 

O grupo foi seguido por 10 anos. A evolução de cada pessoa foi obtida por meio de consultas aos registros nacionais de altas hospitalares e de óbitos.

A média diária de xícaras de café na população estudada foi igual a cinco. Os resultados obtidos foram os seguintes:

 

1) Depois de ajustar os resultados de acordo com idade e fatores de risco, os autores verificaram que a incidência de infartos do miocárdio não fatais nos homens foi a mesma entre os que bebiam café e os abstêmios;

 

2) Por outro lado, ainda nos homens, os infartos fatais foram mais frequentes entre os abstêmios;

 

3) Em ambos os sexos, os níveis de colesterol aumentaram com o número de xícaras consumidas por dia. Os autores explicam esse resultado, pela preferência de muitos finlandeses por café não filtrado;

 

4) Os homens que tomavam mais do que sete xícaras de café por dia, apresentaram índices de mortalidade coronariana ligeiramente superior aos dos bebedores moderados. Essa tendência foi atribuída aos níveis mais altos de colesterol e maior número de cigarros consumidos por dia, encontrados entre os que tomavam mais café;

 

5) Nas mulheres, não só a mortalidade por infarto foi mais baixa, mas todas as formas de morte diminuíram com o aumento do consumo de café.

 

A conclusão é um lenitivo para aqueles cansados dos sacrifícios impostos pelos cuidados necessários para preservar a integridade das coronárias: cortar gordura animal, controlar a pressão, diminuir o estresse, comer pouco, não fumar, beber com moderação e abandonar a vida sedentária. Pelo menos até que outro estudo demonstre o contrário, podemos tomar até cinco cafezinhos por dia, sem qualquer culpa.

 

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