A aspirina, medicamento de fácil acesso e baixo custo pode ser a mais nova aliada aos tratamentos de tumores no cérebro, revelou um estudo publicado na última terça-feira, 29 de junho, por cientistas da Universidade de Portsmouth, sul do Reino Unido.
Os cientistas desenvolveram um composto intitulado "IP1876B" que possui em sua composição, além de dois elementos não divulgados, a aspirina em forma líquida e demonstrou em testes aplicados um desempenho 10 vezes mais eficiente no combate a doença do que qualquer combinação de drogas já existente. Os componentes de modo geral já são aprovados para uso clínico.
Para os testes do "IP1876B" foram usados células cancerígenas de adultos e crianças, neles o medicamento agiu agressivamente matando as células comprometidas sem afetar as células normais. O medicamento aumentou de forma significativa a habilidade das drogas combinadas com a aspirina de cruzar a barreira hematoencefálica, uma membrana que protege o cérebro, mas que também bloqueia o caminho de muitas drogas anticâncer mais convencionais. O composto foi desenvolvido em parceria com a companhia Innovate Pharmaceuticals.
Um dos obstáculos superados pelo estudo foi o desenvolvimento de uma forma verdadeiramente líquida da aspirina, pois as alternativas do mercado não são tão aprimoradas nesse sentido, contendo resíduos que podem causar efeitos colaterais gástricos. Os especialistas Geoff Pilkington e Richard Hill responsáveis por esse trunfo, apresentaram os resultados da pesquisa na convenção média para especialistas em tumores cerebrais, em Varsóvia, na Polônia.
De acordo com os pesquisadores Pilkington e Hill, os resultados demonstram que o "IP1876B" pode ser altamente eficaz contra o tipo mais agressivo de tumor cerebral, o glioblastoma, que normalmente mata pacientes em até um ano. No entanto ainda é necessário mais testes para determinar com precisão se esse medicamento pode ser utilizado com segurança por humanos.
Sue Farrington Smith, diretora da Brain Tumour Research, ONG que arrecada fundos para pesquisas em tumores cerebrais, comentou o caso "Temos uma potencial alteração crucial na pesquisa sobre tumores cerebrais e isso mostra que ciência bem financiada pode conseguir. É a mesma ciência que vai permitir um dia que encontremos a cura para essa doença devastadora".