Tratamentos estéticos costumam ter um preço alto, fazendo com que muitas pessoas busquem recursos mais acessíveis para tratar a pele. No entanto, podem estar contribuindo sem saber com a poluição de mares e rios, deixando em risco várias espécies de peixes.

Os esfoliantes que contêm microesferas de polietileno, encontradas em formato de pequenas bolinhas (características desse tipo de cosmético), são na verdade pequenas esferas de plástico que depois de usadas saem pelo ralo das residências e comércios e vão parar em rios, lagos e oceanos, pois, devido ao seu tamanho minúsculo, o sistema de tratamento de esgoto não consegue dissolvê-las.

 “Em grande quantidade, os microplásticos são capazes de desestabilizar a vida marinha, já que peixes confundem as partículas com alimento, ingerem e em alguns casos, morrem”. Explicou a especialista em cosmetologia e mestra em Ciências Ambientais da USP Ana Carolina Ribeiro.

Indiretamente, os seres humanos também acabam se prejudicando ao ingerir o polietileno ou compostos tóxicos, uma vez que consomem os peixes e frutos do mar que podem ter sido contaminados.

Pesquisas apontam que um quarto dos peixes vendidos nos mercados da Califórnia e da Indonésia contém partículas de plásticos. Os estudos foram realizados em 2015 pela Universidade de Hasanuddin, na Indonésia e pela Universidade da Califórnia, nos EUA, fazendo com que o presidente Barack Obama se manifestasse em prol da causa, sancionando uma lei que inibe o uso desse tipo de componente nos cosméticos.

As empresas norte-americanas têm o prazo de até 2018 para eliminar o polietileno de todos os produtos, o que inclui pastas de dente e produtos de cuidado com a pele.

Alguns países já estão alarmados com os danos que o composto pode gerar no meio ambiente, entre eles países europeus e o Canadá. Eles já estão tentando criar leis que inibem o uso do produto. 

O Brasil ainda não manifestou nenhum avanço com o intuito de frear o uso do polietileno, mas Ana Carolina acredita que em breve a proibição chegue também ao Brasil.

Em janeiro deste ano o Fórum Econômico Mundial de Davos alertou em comunicado que em 2050 os oceanos terão mais detritos de plástico do que peixes, por isso é importante sempre consultar o rótulo dos produtos e, se possível, fazer esfoliantes caseiros que não agridem o meio ambiente.