O Pilates está na moda e tem sido indicado para pessoas que querem diminuir a dor lombar. Um dos motivos pelos quais isto ocorre é o fato do Pilates desenvolver a “powerhouse” (ou caixa de força), que se traduz no fortalecimento de músculos que se situam ao redor do centro de gravidade do corpo, e, que, portanto, melhoram a estabilização corporal.
A ativação dessa musculatura nas atividades diárias é de fundamental importância para garantir um posicionamento mais neutro da coluna lombar, ou seja, com menor sobrecarga, o que de fato pode auxiliar aqueles que possuem lombalgia. Entretanto, o que nos diz a literatura científica acerca da relação entre Pilates e lombalgia?
Atualmente existem várias sínteses da literatura relacionando o Pilates e a lombalgia, muitas delas inclusive mostrando que o Pilates pode realmente melhorar dor e função de quem tem esta patologia. Entretanto, dentre estas publicações encontra-se o estudo de Pereira (2012) que demostrou que haveria pouca evidência na melhoria da lombalgia utilizando-se especificamente o método de Pilates para tal fim. Os autores deste trabalho, ainda consideraram que o método deveria ser recomendado com cautela para aqueles que já possuíssem dor.
Outros estudos como de Lim (2011) e Myamoto (2013), mostram que não haveria diferenças significativas entre a prática do pilates com a prática de outras formas de exercício. Sendo assim, por que não foi possível identificar a eficácia do Método Pilates nestes trabalhos?
A resposta a esta pergunta talvez resida no fato de que nem sempre em aulas de Pilates, e principalmente em aulas de Pilates no solo, é aplicada a progressão mais adequada dos exercícios para àqueles que possuem lombalgia. Isto pode significar que entre os movimentos realizados estejam aqueles que incluem rotações e flexões da coluna lombar sem que ainda o aluno tenha consciência corporal ou condições adequadas de execução. Este seria o caso de exercícios denominados como torção da coluna (SPINE TWIST no método original) e serrote (THE SAW no método original).
É importante lembrar que uma das primeiras preocupações para diminuir a incidência de lombalgia deveria ser a manutenção de uma coluna neutra durante a realização de qualquer tarefa física (MCgill, 2007; Norris, 2008). Além disso, uma aula de Pilates solo deveria ser realizada individualmente ou com um pequeno número de alunos, numa situação em que o professor pudesse observar a execução correta dos movimentos, dando mais condições para o aluno desenvolver sua consciência corporal.
Tendo em vista o que foi exposto acima, parece que o mais importante para o profissional de Educação Física é reconhecer em técnicas de exercício que estão na moda como o Pilates, os conceitos mecânicos do movimento para que sejam feitas modificações apropriadas, que se adequem a população saudável e com alguma patologia. Essa é uma das questões discutidas no curso de Reabilitação e Exercício Físico nas Lesões e Doenças Musculoesqueléticas, no módulo que aborda lesões, coluna e exercícios físicos.
Referências Bibliográficas
Lim EC, Poh RL, Low AY, Wong WP. Effects of Pilates-based exercises on pain and disability in individuals with persistent nonspecific low back pain: a systematic review with meta-analysis.J Orthop Sports PhysTher. 2011 Feb;41(2):70-80.
Miyamoto GC, Costa LOP, Cabral CMN Efficacy of the Pilates method for pain and disability in patients with chronic nonspecific low back pain: a systematic review with meta-analysis. Braz J PhysTher. 2013 Nov-Dec; 17(6):517-532
Pereira LM, Obara K, Dias JM, Menacho MO, Guariglia DA, Schiavoni D, Pereira HM, Cardoso JR. Comparing the Pilates method with no exercise or lumbar stabilization for pain and functionality in patients with chronic low back pain: systematic review and meta-analysis.ClinRehabil. 2012 Jan;26(1):10-20.