Ao pensarmos na palavra humanização, cuja acepção se refere ao atendimento individualizado de forma holística, ou seja, o seu todo, em suas várias nuances: ser social, emocional, psíquico, físico, espiritual. Tal conceituação objetiva atender as necessidades humanas básicas, englobando o fator psicossocial de forma efetiva e qualitativa.
Em se tratando de parto, consideramos a relação (mãe/ filho). Essa dualidade embora seja de dois seres independentes, faz com que eles estejam intimamente interligados. A simbiose característica principal na relação entre mãe e filho, principalmente nos primeiros anos de vida, perpassará por toda a existência humana.
Há tempos, mais especificamente na geração de nossos avôs, havia uma forma de compreender o parto de maneira diferente da qual estamos acostumados: as mulheres eram protagonistas da sua própria história, mesmo sem terem consciência dos benefícios que trazia esse tipo de técnica.
As mães levavam em consideração o ambiente de sua preferência para dar à luz, e a escolha da pessoa de seu maior vínculo (mãe/ avós) para auxiliá-la na chegada do mais novo membro da família.
É importante ressaltar que as parturientes eram auxiliadas por uma parteira, esta por sua vez, tinha experiência e conhecimento prático, o que de certa forma colaborava com o nascimento das crianças, porém elas não possuíam o conhecimento científico, tão necessário em nosso mundo contemporâneo.
Na década de 40, inicia-se a hospitalização dos partos e o controle puerperal de forma sistematizada, aonde várias pessoas conduzem este período.
Surge neste momento a sistematização do parto cesariano. Atualmente caracterizadas por excessos de intervenções e consequentemente o aumento das taxas de morbimortalidade materna e perinatal.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1996, interveio contra as práticas desenfreadas dos partos cesáreos. Em 1998, passam a estimular profissionais qualificados, incentivando o aumento de partos vaginais, por meio de bônus no salário. Com essa iniciativa busca reduzir as cesárias no SUS, tal iniciativa se ampara na portaria 466/2000 que reza sobre o Pacto Nacional pela Redução das Taxas de Cesárea.
Em consonância com as ações governamentais, criam-se as casas de partos, instituições estruturadas com apoio a parturientes e seu acompanhante, inovando assim o atendimento. Ressalta-se que para o desenvolvimento do trabalho de parto, é importante o bem estar físico e emocional da mulher, dessa forma se reduz os riscos e complicações.
É importante salientar o papel do enfermeiro e da equipe no que se refere ao contato físico profissional e paciente, porque esta interação melhora a relação de confiança e apoio psicológico. Fortalece a autoconfiança da parturiente, ao promover a escolha da posição que mais se sinta confortável para conceber seu filho. Igualmente resgata o caráter fisiológico no processo do nascimento e assim exime de possíveis traumas. Utilizando-se de músicas, técnicas de relaxamento que favorecem o bom desenvolvimento do trabalho de parto, trazendo segurança e conforto.
Estudos evidenciam que o apoio contínuo a parturiente, no trabalho de parto, revela resultados positivos quanto ao uso reduzido de analgésicos, partos instrumentais e o tempo de trabalho de parto.
Compactuamos com Griboski e Guilhem (2006), ao refletirem sobre a necessidade de implantação de um programa, ou mesmo de uma política, para que os profissionais de saúde se adequem ao novo paradigma de assistência. Para isso, torna-se necessário promover mudanças que envolvam desde os órgãos formadores, até a melhoria da infraestrutura hospitalar e das condições de trabalho no atendimento à mulher.
Finalmente, o aspecto essencial a se trabalhar com os profissionais, é ensinar a mulher a assumir o protagonismo do nascimento de seu filho, minimizando o sofrimento da parturiente, com escuta qualificada, valorização do indivíduo, clareza dos procedimentos a serem executados, integrando toda a equipe ao parto humanizado, visando que todas tenham acesso a um atendimento mais humano com equidade de direitos e que sua cidadania seja exercida de forma plena.