A professora da USCS, Marta Ângela Marcondes, bióloga especialista em recursos hídricos, participou da expedição pela bacia do Rio Doce para avaliar os agravantes ecológicos nas águas do rio, ocasionados pela tragédia em Mariana (MG), causada pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco. A expedição ocorreu em dezembro de 2015 e percorreu 650 quilômetros, tendo sido coordenada pela Fundação SOS Mata Atlântica, que há 16 anos tem parceria com a USCS.
Dos 18 pontos analisados pela expedição, 16 apresentaram IQA (índice de qualidade da água) péssimo. A avaliação do IQA inclui níveis de oxigênio, demanda bioquímica de oxigênio, nitrato, coliformes, fosfato, pH, temperatura, turbidez, odor, cor, bem como presença de peixes, larvas brancas e vermelhas. Todos os níveis mostraram-se muito acima dos preconizados na legislação. Apenas dois pontos analisados obtiveram índice regular.
O estudo apontou que a turbidez e o total de sólidos em suspensão variaram de 5.150 NTU (nephelometric turbidity unit, unidade matemática utilizada na medição) a 1.220 NTU, quando o nível aceitável é 40 NTU. Com a turbidez nessa situação, praticamente todo o oxigênio dessa água se esvaiu e causou a morte dos organismos que estavam lá e do rio inteiro, afirmou Marta.
Em razão dos seus compromissos acadêmicos, a professora Marta somente pôde acompanhar a expedição por um final de semana, e lamentou muito o que encontrou no caminho em Mariana: Chorei várias vezes. O que me deixa muito preocupada são as pessoas que tinham sua vida ali. A história delas acabou. Não tem dinheiro que pague.
O relatório obtido foi entregue em comissão da Câmara dos Deputados que acompanha o caso e também será encaminhado aos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, onde a lama chegou ao mar.