O guia salarial da consultoria de recrutamento britânica Robert Walters aponta que, no atual mercado de trabalho, profissionais especialistas estão se destacando, em meio à atual crise econômica no país. Por outro lado, executivos com perfil mais generalista estão sendo mais afetados, principalmente os que possuem experiência de alto nível sênior.
Segundo a pesquisa, com essa crise no Brasil, alguns departamentos, como de finanças, jurídico e de compliance, necessitam de profissionais mais estratégicos para a área tributária e fiscal, devido à preocupação com o aumento de impostos. Por essa razão procurar um curso de especialização pode ser um diferencial considerável para se destacar no mercado tanto na área de gestão tributária quanto na de direito tributário.
Uma boa equipe tributária pode fazer a diferença entre a empresa ter lucro ou perdas, declara Kevin Gibson, CEO da Robert Walters no Brasil.
Assim, houve aumentos no salário fixo de profissionais dessa área, em todos os níveis de experiência. A saber: um gerente de planejamento com mais de 12 anos de carreira tinha salário anual entre R$ 250 mil e R$ 400 mil em 2015. Neste ano, a faixa está entre R$ 275 mil e R$ 440 mil.
Com casos de corrupção, aumento na procura por projetos de compliance e muitas demissões, os escritórios de advocacia estão muito ocupados, o que fez os salários em todos os níveis aumentarem. Isso também ocorreu com diretores e gerentes jurídicos de empresas. Um gerente de compliance legal, com experiência de 8 as 12 anos, viu sua faixa salarial aumentar de R$ 186 mil a R$ 266 mil em 2015, já em 2016, essa faixa aumentou de R$ 204 mil para R$ 292 mil.
Para os cargos financeiros, gerente de planejamento financeiro e business controller estão entre as poucas posições que tiveram aumento nos salários fixos em todos os níveis de experiência. Além disso, há procura também por profissionais de tesouraria, com foco em gerenciar o fluxo de caixa em empresas exportadoras em um cenário com câmbio mais volátil, segundo Gibson. Para ele, com a demanda interna fraca e o dólar mais caro, há grandes chances das empresas apostarem na internacionalização, ou seja, elas irão procurar profissionais com inglês fluente.
É particularmente desafiador agora porque muitos dos executivos brasileiros que falam inglês estão trabalhando no exterior. Há alguns anos, eles estavam dispostos a voltar, mas agora não, por causa da desvalorização da moeda, afirma o CEO da Robert Walters no Brasil.
Assim, cresce a competição por candidatos locais com inglês fluente, o que passou a ser averiguado com mais frequência em entrevistas por Skype mesmo antes dos encontros com headhunters, segundo Gibson.
Ele também vê maior impacto da crise nos níveis mais altos, pois, como as empresas precisam gerir custos, o jeito é cortar os profissionais seniores. Dessa forma, gestores de nível médio ou júnior podem evoluir na carreira, galgando cargos elevados.
Já os qualificados em segmentos do agronegócio, áreas relacionadas à exportação e aqueles com funções de diversas áreas em empresas de mídia digital estão sendo demandados. Os usurários de internet no Brasil têm um dos maiores engajamentos do mundo. Muitas empresas internacionais estão olhando para o país como um mercado promissor, declara o CEO.
O executivo inglês assumiu a presidência da empresa para a América Latina há seis meses e se diz otimista com as perspectivas de médio e longo prazo no Brasil. Vai demorar até os empregadores voltarem de fato ao mercado brasileiro, mas houve tantos cortes que, quando isso acontecer, a recuperação será bastante forte, declara.