Um estudo recente sobre depressão e métodos de tratamento, publicado ainda nesta semana no ”International Journal of Neuropsychopharmacology”, trouxe uma nova visão sobre tratamentos antidepressivos a base de medicamentos que podem ser mais assertivos a cada pessoa, pois é baseado em análise de marcadores no sangue e podem indicar se o uso de determinada droga será eficiente ou não.
Nos casos de depressão em que aproximadamente metade dos pacientes não responde bem ao tratamento com antidepressivos a descoberta é um diferencial que pode fazer toda a diferença.
Os pesquisadores constataram que os pacientes com uma quantidade determinada de dois biomarcadores no sangue, não respondem bem ao tratamento com antidepressivos, indicando a ocorrência de inflamação. Isso já havia sido sugerido em estudos anteriores, no entanto nunca havia sido medido.
A partir desse estudo, os profissionais da área que constatarem em exames de sangue a presença desses biomarcadores de inflamação na quantidade estabelecida na pesquisa, poderão conduzir o tratamento de modo mais assertivo ainda no início sem perder tempo com o uso de drogas que serão ineficazes para seus casos em um ciclo de tentativa e erro. “A identificação de biomarcadores que prevêem a resposta ao tratamento é crucial para reduzir o fardo social e econômico da depressão, e melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, disse Carmine Pariante, professora do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King’sCollege London e uma das autoras do artigo.
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão ao medir a quantidade dos dois biomarcadores – fator de inibição da migração de macrófagos (MIF) e interleucina-1 Beta – em dois grupos de pacientes e avaliar sua resposta aos medicamentos.
“Esta foi a primeira vez que um exame de sangue foi usado para prever com precisão, em dois grupos clínicos independentes de pacientes com depressão, a resposta a uma variedade de antidepressivos comumente prescritos”, disse Annamaria Cattaneo, principal autora do estudo.
Annamaria sugere que essa estratégia de psiquiatria personalizada, em que as drogas são selecionadas de acordo com os resultados dos exames de sangue, é mais eficaz do que aquela baseada na tentativa e erro e que seria crucial comparar as duas estratégias em um estudo clínico.