Houve uma mudança, ou “evolução”. A nossa tendência é sempre resistir a mudança, foi o que Freud nos mostrou. O psiquismo tende sempre a uma certa inércia que custa as pessoas sair dela. Por exemplo, quando Gutemberg inventou a prensa, ele morria de medo de isso causar uma preguiça intelectual nas pessoas, que iriam parar de pensar e começar a apenas ler o pensamento de outros.
Bom, que ironia. Hoje os livros são o maior símbolo de intelectualidade. Quando o café chegou à Europa, os cidadãos da Europa ocidental ficaram com tamanho receio desse novo produto, que acreditavam que se você tomasse café poderia nunca mais dormir, iria ter má vontade, não iria trabalhar bem. Outra ironia, não se anda mais que uma quadra (exagerando, é claro) na Europa ocidental sem encontrar um café. É símbolo de trabalho, de encontros sociais, entre outros.
O mundo virtual está passando por um processo similar. Está sendo atacado por resistência. Existem muito pontos fortes no virtual.
Um antropólogo chamado Tom Boelstorff fez uma pesquisa de campo no Second Life, que é uma espécie de jogo onde você vive um personagem no mundo virtual. Neste mundo virtual você tem uma vida muito parecida com a vida física. Inclusive este jogo ficou mundialmente conhecido quando fez um show do U2 ao vivo, no mundo virtual, cobrando ingressos, vendendo cervejas (virtuais), promovendo encontros, igual ao mundo físico.
Após dois anos Tom chegou à seguinte conclusão: “A cultura em Second Life é profundamente humana. Não é apenas que os mundos virtuais emprestam suposições da vida real; mundos virtuais nos mostram como, debaixo de nossos próprios narizes, nossa vida ‘real’ tem sido virtual desde o começo”.
Outro ponto forte: pessoas que jamais receberiam auxílio psicológico podem fazer terapia por Skype. Eu atendo algumas pessoas que me procuraram porque vivem num determinado lugar onde é impossível, por diversos motivos, fazer uma terapia presencial. Enfim, poderíamos continuar citando vários pontos fortes do mundo virtual.