Acessibilidade de pessoas com deficiência à arena olímpica: desafios e perspectivas

Acessibilidade de pessoas com deficiência à arena olímpica: desafios e perspectivas

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Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos trouxeram recursos para a cidade do Rio de Janeiro ser reestruturada para recepção de atletas paralímpicos e de turistas com deficiência. A principal ideia arquitetônica por trás do projeto é deixar um legado para a própria cidade, melhorando o acesso da população.

Algumas construções já levam em consideração o que os urbanistas chamam de desenho universal. Ou seja, que permitem a utilização por todo tipo de pessoa, seja ela idosa, criança ou com alguma deficiência física ou motora, como observa a arquiteta Vanessa Goulart, diretora executiva do Centro de Vida Independente (CVI), uma ONG que cuida de projetos para pessoas com deficiência.

O Rio de Janeiro não passa por uma intervenção urbanística tão grande desde os anos 90, com o projeto Rio Cidade. As Olimpíadas abriram caminhos para garantir maior acesso e padronização, além da conservação e criação de rampas e piso tátil, principalmente na área dos jogos.  “Mas ainda há muito mais o que fazer, no que se refere à acessibilidade em hotéis, transportes, museus, restaurantes”, afirmou Goulart.

De acordo com dados da prefeitura da cidade, foram criadas novas calçadas com piso tátil em 59 bairros cariocas, sendo 20% das ruas localizadas na Zona Norte, 10% na Zona Oeste e o restante distribuído entre a Zona Sul e os entornos dos equipamentos esportivos, a exemplo das ruas do Engenho de Dentro, na Zona Norte, nas imediações do estádio Engenhão. 

Para a arquiteta, a cidade passou por mudanças importantes, mas ainda falta muito para ser totalmente inclusiva. Ela destaca a ausência de sinais sonoros e piso tátil para a orientação de cegos como, por exemplo, determinar que as bolinhas signifiquem obstáculos, e traços, o caminho a ser seguido. Além disso, falta também nos pisos referências que ajudem os cegos em relação a obstáculos que existem nas calçadas, como orelhões, árvores, bancas de jornais etc.  ‘’Sem falar no piso de pedras portuguesas, que pela irregularidade acaba confundindo a ‘leitura’ do piso pelos cegos”, ressaltou ela.

Os projetos arquitetônicos das Olimpíadas têm diversos desafios, como a implantação de sinais luminosos sonoros para orientação de pessoas com deficiência, que até o momento não existem na cidade do Rio de janeiro. Já ocorreram tentativas de ajuste do problema há alguns anos, com um projeto-piloto que não deu muito certo. O projeto foi implantado, na época, em frente ao Instituto Benjamin Constant, na Urca, na Zona Sul, mas o sinal sonoro experimental quase provocou uma tragédia. 

“Os motoristas não respeitavam o sinal e os cegos quase eram atropelados. Os próprios cegos tinham dificuldade de identificar o som do sinal sonoro por causa do barulho do trânsito. Aí, o projeto não foi adiante”, contou Vanessa. 

Além disso, uma cidade acessível tem que apresentar também outros recursos e um dos principais é o transporte público, que, no Rio, deixa muito a desejar, mesmo com a inserção de ônibus BRT e VLT pela prefeitura nas frotas da cidade – veículos muito bem equipados com recursos para transportar PCD, mas que não solucionam a demanda da cidade. De acordo com a treinadora de ginástica e cadeirante Georgette Vidor, pessoas cegas são as que mais precisam que esses ônibus melhorem seus recursos. “Não há informações sobre o trajeto em braile nas paradas”, observa Georgette, que já foi secretária municipal da Pessoa com Deficiência.

Além disso, uma cidade acessível inclui diversos tipos de deficiências e mobilidades reduzidas, sendo de extrema importância planejar mudanças que vão de encontro com o interesse de todos. “O ideal são os ônibus de piso baixo, com rampas, que dão mais autonomia e segurança. Um anão ou um obeso, por exemplo, não consegue subir degraus tão altos.” 
“A prefeitura também deveria investir num aplicativo para celular mais acessível que informasse o itinerário das linhas de ônibus. Afinal, muita gente precisa pegar um ônibus para chegar ao BRT e ao VLT.” Destacou Ana Cláudia Monteiro, presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comdef-Rio).
O transporte de público de alto rendimento (trens) também precisa de reestruturação em seus acessos. Das 102 estações no Rio, apenas seis, que são as principais de acesso à arena olímpica, estão totalmente reformadas e adaptadas com elevadores, piso tátil e modernos painéis de informação. Outras estações passaram por obras de modernização para facilitar a acessibilidade. O projeto de remodelação das estações, de acordo com a SuperVia, prossegue até 2020.

O metrô também não fica muito atrás no quesito reforma. Das 36 estações, apenas duas estão adaptadas.
O aeroporto também é um desafio que parece ter sido bem solucionado. Principal entrada de desembarque e acesso à arena olímpica, o Aeroporto Internacional Tom Jobim passou por pelo menos três simulações de embarque e desembarque de pessoas com deficiência, nas quais participaram 23 voluntários cadeirantes e cegos para testar os acessos de embarque e os serviços de check-in. O serviço foi aprovado pelos voluntários.

Repensar uma cidade traz muitas vertentes e desafios. É importante estar bem preparado e ter um bom conhecimento. Saiba mais a respeito no link:






 

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