Num panorama amplo, eu diria que as redes sociais podem ser entendidas como um “estilo de vida”. Talvez seja aquilo que melhor representa a sociedade atual. Estou usando o “estilo de vida” entre aspas para tentar expressar o que, na ciência, nós chamamos de paradigma, no sentido de modelo, de referência. As redes sociais contêm os elementos mais significativos da nossa sociedade atual, que, do meu ponto de vista e de alguns autores que estudam a contemporaneidade, são: a supervalorização ou predomínio da imagem, uma alteração radical das noções de tempo e de espaço e uma quebra da tradição, como elemento social em relação ao conhecimento.
É fácil entender estes aspectos pois estamos imersos nesse contexto. Ninguém vai duvidar, por exemplo, do valor que as selfies têm sobre o dia a dia das pessoas. Além das selfies vemos que a sociedade hoje em dia enaltece muito mais a imagem do que qualquer outro elemento. Nas redes sociais isto aparece nas fotos e vídeos que são publicadas freneticamente: vale muito mais uma foto do que você narrar como foi seu final de semana.
As noções de tempo e espaço também são elementos-chave para entendermos as redes sociais. Você pode tirar uma foto do seu almoço em qualquer parte do globo e compartilhar ao vivo com todos de sua rede. Um almoço no Japão, um passeio de bike na Austrália, podem ser transmitidos diretamente por vídeo ou por foto. Isto, obviamente, traz diferenças marcantes em nosso modo de viver, em nosso “estilo de vida”, como me propus a dizer. Isto traz uma modificação das relações do tempo e espaço incrível.