Mudanças sociais e a nova estrutura familiar

Mudanças sociais e a nova estrutura familiar

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A família brasileira tem passado por diversas mudanças sociais com relação a renda e a convívio. No entanto, ainda se enfrentam velhos problemas já conhecidos, como a falta de estrutura que faz com que muitos jovens se interessem pela vida no crime, a gravidez na adolescência, cuja taxa, nos últimos 10 anos, não teve nenhuma baixa, nascendo por dia em média 82 bebês dessas mães, o abandono dos estudos, entre outros problemas que afetam a sociedade como um todo.

De acordo com um levantamento recente do Ministério Público de São Paulo, dois terços dos jovens infratores da capital paulista fazem parte de famílias carentes que não têm um pai dentro de casa, 42% não têm nenhum contato com o pai, e 37% têm parentes com antecedentes criminais.

A figura paterna é de grande relevância na estrutura familiar e faz muita diferença. Mas, apesar de tudo que pode representar a ausência de apoio, carinho, atenção, cuidados para a estrutura de formação humana propriamente dita, é o que mais faz falta para esses jovens terem referências para construir seu caráter.

A mãe e a avó brasileiras, que compõem a figura matriarcal, desdobram-se para preencher todas as lacunas da família, sendo “mãe e pai” muitas vezes. No entanto acabam sendo atropeladas pela rotina difícil, nem sempre sobra energia, dinheiro ou voz para lidar com esses garotos e garotas, que crescem nas ruas, longe das escolas, em bairros que não têm apoio ou recursos de iniciativas a esportes. Resta muitas vezes apenas a proximidade desses jovens com amigos e parentes envolvidos com a criminalidade.

Uma criança sem apoio emocional, sem uma escola que estimule a busca pelo conhecimento e desenvolvimento de seu potencial, com muito tempo livre, sem atividades produtivas ou referências positivas para gastar esse tempo fica à mercê de influências como o tráfico e o crime organizado, a violência e a gravidez na adolescência, que ocorrem em 15% dessas jovens de baixa renda, residentes nas regiões mais carentes.

Essas jovens enxergam a maternidade muitas vezes como uma forma de justificar sua existência, ou de ter um papel efetivamente social, iludidas com um relacionamento e em busca de uma família estruturada. Muitas delas acabam sendo abandonadas pelos companheiros, ficam sozinhas com toda a responsabilidade que a maternidade traz, além de aumentar conflitos na própria família que já tinha problemas de convívio, mantendo um ciclo social que parece não ter fim.

Sem políticas publicas que foquem as famílias com maior vulnerabilidade, sem apoio emocional e social, escolas atrativas, projetos de esportes ou afins, esses jovens continuarão alimentando o ciclo existente, mantendo taxas de natalidade, criminalidade e violência elevadas.

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